Assine nossa newsletter

Quero assinar

Empresária dos Racionais MCs, Eliane Dias fala sobre mulheres na liderança

Eliane Dias, empresária do Racionais MCs, fala de gestão feminina e a liderança das mulheres em entrevista exclusiva.

Flash

Uma das grandes estreias deste ano no cinema, o filme "A Mulher Rei", traz a atriz Viola Davis como Nanisca, a líder do exército de mulheres Agojie, grupo que existiu na vida real e lutou contra colonizadores no Benin, África. Tendo como pano de fundo o peso das escolhas, a responsabilidade das decisões, as violências, a sobrecarga do cotidiano e os conflitos que vêm com a maternidade, a história traz à tona o papel das mulheres na liderança.

Se àquela época (séc. 17 a 19) as batalhas eram travadas em meio a reinos e impérios, hoje se dão no mercado de trabalho. E, mesmo 200 anos depois, será que elas ainda não acontecem envoltas nas mesmas questões quando o assunto é gestão feminina? Para Eliane Dias, CEO da Boogie Naipe e empresária dos Racionais MCs, a resposta é sim.

Advogada, Eliane trabalha há oito anos com o grupo. Sob sua gestão, além de terem todo o patrimônio autoral organizado, eles foram levados a voos mais altos. O mais recente é o documentário "Racionais MCs — das Ruas de São Paulo pro Mundo" (Netflix), lançado em 192 países.

Nesta entrevista exclusiva ao blog da Flash, a responsável por gerir a carreira do maior grupo de rap do Brasil reflete sobre os desafios da liderança feminina. Confira, a seguir, os principais trechos do nosso bate-papo com a executiva.

Liderança feminina e o filme "A Mulher Rei

"O filme é muito próximo da realidade da mulher preta, dessa coisa de a gente ser oprimida e ao mesmo tempo ser a pessoa que toma as decisões mais difíceis. Mostra claramente o momento em que é preciso tomar decisões de risco.

É uma coisa que eu faço desde sempre: não ter medo de correr o risco, até porque não tem outra opção. Outra coisa que é nítida no filme é a ideia de que cada escolha é uma renúncia.

Não só a mulher preta, todas as mulheres têm de fazer escolhas. Ou vai trabalhar pesado para ter uma carreira bem consistente ou sabe que, se tiver um filho, essa carreira vai passear por lugares que não nos deixam confortáveis."

Mulheres na gestão

"Tomar decisão e apostar naquilo que a gente está fazendo é muito a nossa cara [referindo-se às mulheres]. A outra pessoa pode não confiar, mas se eu confio em mim, eu posso fazer.

O Brasil passou por períodos bem delicados, impeachment, pandemia e um governo que não entendia muito bem o que é a complexidade do Brasil. São muitos povos, muitos países dentro do nosso. E a mulher teve de tomar à frente. Quem segurou a barra da pandemia foram as mulheres.”

A entrada para os Racionais

"A gente tem de fazer planos. Não dá para ser mulher e deixar a vida levar. Eu sempre tive tudo planejado e pensei: ‘Quero abrir meu escritório de advocacia, mas, enquanto isso, eu vou trabalhar na Assembleia Legislativa de São Paulo porque adoro política, vou comprar um carro zero, vou fazer uma festa de 15 anos [para minha filha] e uma pós-graduação'.

E eu já estava fazendo tudo isso, quando chegou a proposta para trabalhar com o Racionais. Eu relutei porque a minha vida estava do jeito que eu tinha planejado. No entanto, alguém me disse que se eu não organizasse o patrimônio, os direitos autorais do Racionais, que são a herança permanente dos meus filhos, eles iriam parar nas mãos de qualquer pessoa. Me programei para trabalhar por três anos e já estou há oito. Então fiz essa transição.

Fiquei trabalhando na Assembleia na parte da tarde e com o Racionais de manhã por quatro anos e meio. Teve um ano que chegou dezembro e meu corpo tremia por dentro. Estava em dois empregos de estresse, porque sou liderança também na política. Sou uma pessoa da conexão, do networking.

Liderando o Racionais MCs

“Em três anos, não só arrumei o autoral dos Racionais como arrumei a vida de todo mundo. Hoje eles recebem os direitos autorais, que é a Previdência deles.

Também coloquei as marcas deles todas em dia, Cosa Nostra, Racionais… Hoje o grupo está nas maiores plataformas mundiais. Se você quiser ouvir Racionais na Ásia, na China, na Europa, em qualquer lugar, você ouve. E faço bons produtos. Eu devia isso a eles, meus filhos foram criados com o dinheiro de Racionais.

É claro que contribuo, que colaboro, sei da minha importância para a vida organizada de um homem como Mano Brown. Eu sei o quanto sou importante nesse cenário. As pessoas que estão atrás do palco fazem o palco acontecer."

Renúncias da vida profissional

"Como eu não tenho pai, fui criada pela minha mãe, e ela trabalhava muito, as coisas eram muito difíceis. Então, sempre estou preparada.

E hoje está tudo do jeito que eu queria, mas meu sonho, que era ter uma sociedade de advogados, foi colocado um pouco de lado. Sou mais uma mulher que abriu mão de algo para cuidar dos filhos e do companheiro.

Por que fiz isso? Porque eu amo meus filhos, claro. E porque a minha vida como advogada poderia não dar o mesmo resultado que tenho como empresária dos Racionais. Eu poderia ganhar o mesmo que ganho aqui e o Racionais não estar organizado. Isso não me deixaria feliz. Então abri mão desse pedaço da minha carreira e, em algum momento, vou voltar e recomeçar.

Mulheres líderes precisam ser egoístas (sim, egoístas)

"A mulher precisa ter muita consciência de quem ela é no jogo. Precisa pensar: ‘Quais são as pedras que eu vou mover e qual é o meu staff, quem vai estar comigo, com quem eu posso contar?'. Muita gente tenta nos passar rasteira.

Então, temos que ter uma equipe em que confiamos, fazer networking e adquirir muito conhecimento. Precisamos nos colocar em primeiro lugar e ser egoístas a ponto de parar, porque senão a gente não consegue nem respirar.

Precisamos ser egoístas para ir a uma academia ou ao ginecologista fazer exames. Precisamos ser egoístas quando queremos passar o final de semana sozinhas, sem amigos, filhos, marido, sem ninguém. Precisamos ser egoístas porque nós queremos tempo para nós e queremos ir para o happy hour. A maioria das mulheres não faz happy hour. Saímos do trabalho correndo porque temos filho, marido e comida para fazer esperando em casa. Eu preciso fazer meu happy hour. Então, vou sair."

Leia também:

+ Mariana Talarico, da Natura&Co, revela estratégias de employer branding

+ "Líderes precisam abandonar comando e controle", diz Richard Uchoa, CEO da Revvo

+ Entrevista com Sérgio Serapião, do Labora, sobre etarismo e times multigeracionais

Se gostou do conteúdo, acesse o site da Flash para saber mais sobre as nossas soluções flexíveis!

ENTRE EM CONTATO

Preencha o formulário e venha ser Flash

Agende uma demonstração e conheça o lado rosa da gestão de benefícios, pessoas e despesas.

Business

20 mil

empresas

Smile

1 milhão

usuários

Premium

5 bilhões

transicionados

Centralize sua gestão de benefícios, pessoas e despesas corporativas em um só lugar

icon-form

Descubra nossas soluções

Não enviaremos Spam ✌️