Dia do Voluntariado: como Heineken, B3 e C&A incluem trabalho voluntário nas práticas de ESG
No Dia do Voluntariado, entenda as estratégias de empresas como Heineken, B3 e C&A para engajar os colaboradores em ações de trabalho voluntário
No dia 28 de agosto é celebrado o Dia Nacional do Voluntariado. E, com o avanço das boas práticas de ESG (a sigla em inglês para Environmental, Social and Governance) no Brasil, cada vez mais empresas têm se preocupado em incluir o trabalho voluntário em seus negócios.
Segundo a Pesquisa Voluntariado no Brasil 2021, 15% dos voluntários entrevistados já participam de ações organizadas nas empresas em que trabalham. Ainda de acordo com o levantamento, que ouviu 2.086 pessoas em todas as regiões do Brasil, 58% dos voluntários que participam de programas corporativos realizam ações voluntárias com regularidade. Ou seja, tendem a dedicar mais tempo ao voluntariado do que a média nacional, que é de 22%.
Os números refletem o amadurecimento do voluntariado corporativo, que traz ganhos tanto para as corporações (da melhoria da reputação ao fortalecimento do employer branding) quanto para os colaboradores (no desenvolvimento de competências individuais, por exemplo).
“Com o crescimento da agenda de ESG, a oferta de programas de voluntariado passou a ser uma excelente estratégia para aumentar o engajamento e estabelecer relacionamentos positivos com a comunidade”, afirma Marcelo Nonohay, especialista na gestão de projetos para transformação social e fundador da MGN Consultoria.
Por que o Dia do Voluntariado é celebrado em agosto no Brasil?
No Brasil, o Dia Nacional do Voluntariado foi instituído pela Lei nº 7.352, em 28 de agosto de 1985, mesmo ano em que a ONU (Organização das Nações Unidas) criou a versão internacional da data. Apesar disso, por aqui, a data só foi regulamentada na década de 1990 pela Lei nº 9.608.
Qual a importância de ser um voluntário?
Segundo Nonohay, a principal vantagem é fazer com que as pessoas rompam suas bolhas e sejam expostas a públicos, situações e realidades diferentes. Ou seja, funciona como uma espécie de “laboratório de empatia”, que estimula o desenvolvimento da capacidade de as pessoas lidarem muito melhor com questões de diversidade, equidade e inclusão.
Além disso, a experiência de ser um voluntário contribui para:
- Criar conexões interpessoais;
- Promover benefícios e transformações sociais;
- Incentivar o autoconhecimento;
- Ajudar no aperfeiçoamento de habilidades;
- Ampliar a visão de mundo em contato com realidades diferentes;
- Promover a redução do estresse e melhoria no bem-estar.
Quais são os desafios de realizar um trabalho voluntário?
Embora seja uma experiência benéfica para empresas e colaboradores, o trabalho voluntário traz uma série de desafios. A escassez de recursos financeiros e materiais é apontada como o principal deles, independentemente da região ou setor.
Falta de profissionalização da gestão dos processos e abandono do trabalho voluntário também são apontados como pontos limitantes para o terceiro setor.
Quais são os tipos de trabalho voluntário?
Os principais tipos estão relacionados a:
- Proteção animal e do ambiente;
- Cultura e educação;
- Projetos esportivos;
- Auxílio a pessoas vulneráveis e grupos minoritários.
O que é o voluntariado empresarial?
O voluntariado empresarial está diretamente relacionado à criação de projetos sociais corporativos que estimulam colaboradores a atuar em causas de interesse comunitário, oferecendo seu tempo, trabalho e talento. E os principais tipos envolvem:
- Ações sociais e mutirões em grupo
- Campanhas de arrecadação
- Palestras e cursos de capacitação
Grupo Heineken aposta em pluralidade de causas para engajar
Não é à toa que o programa de voluntariado da cervejaria holandesa se chama “Que marca você quer deixar?”. A ideia do projeto, que nasceu há pouco mais de um ano, é colocar os colaboradores para pensarem em formas de gerar impacto positivo no mundo.
“O programa nasceu para tangibilizar os valores respeito e cuidado, conectando os colaboradores às causas das nossas marcas, e atuar como ferramenta de impacto positivo por meio das pessoas que formam o Grupo Heineken no Brasil”, diz Vania Guil, gerente executiva do Instituto Heineken.
Atualmente, os colaboradores podem participar de duas formas: a primeira é se inscrever diretamente nas vagas oferecidas no site do projeto, que são mapeadas pela Atados, plataforma social online parceira da organização. Outra forma é escolher ações assinadas por marcas do grupo. A Amstel, por exemplo, encabeça um projeto para reconhecer a potência das pessoas LGBTQIAP+. Já a Devassa trabalha equidade social para ampliar oportunidades para pessoas negras. Na Lagunitas, o foco está na proteção animal. Para a Baden, a principal causa é promover a regeneração e preservação ambiental de biomas locais. A própria Heineken ainda trabalha a sustentabilidade e consumo consciente, com ações que incentivam cidades mais verdes e o consumo equilibrado de álcool.
A pluralidade de causas tem sido uma excelente ferramenta para estimular o engajamento: mais de 1200 participantes dedicaram 3.600 horas às mais diferentes causas desde o início do projeto. “Sabemos que ainda tem muita oportunidade para explorar os nossos 14 mil colaboradores. Nossa ambição é evidenciar a importância de participação para que, cada vez mais, as pessoas possam estar conosco nessa jornada que está só começando”, afirma Vania.
Com “oferta” de causas o ano todo, B3 bate recorde em número de voluntários
Em 2022, a empresa que comanda a bolsa de valores brasileira registrou um recorde em seu projeto voluntário com a participação de 52% dos funcionários — nos dois anos anteriores, essa taxa havia sido de 48%. Ao todo, 1.498 pessoas do time B3 colocaram a mão na massa em 25 ações propostas e lideradas pela B3 Social, associação sem fins lucrativos vinculada à B3 e responsável pela atuação social da companhia. Esse marco demonstra que o engajamento da organização está muito além da média nacional, que é de 20% segundo dados do BISC (Benchmarking do Investimento Social Corporativo), de 2022.
E muitas são as ações que explicam esse engajamento turbinado. Além de disponibilizar duas horas mensais a todos os funcionários para a realização de atividades sociais durante a jornada de trabalho, a B3 trabalha o engajamento das lideranças para que incentivem seus times a participarem.
Outro ponto que faz diferença é a companhia mostrar que está contribuindo, e não somente convidando as pessoas para contribuírem. Um exemplo está na campanha de cestas básicas: cada doação realizada pelo time foi quintuplicada pela B3. “Isso mostra a responsabilidade que sabemos ter como empresa e indutora de mercado", diz Marcelly Guerrero Alberto, coordenadora de Voluntariado, Engajamento Social e Comunicação da B3 Social.
Colocar o colaborador como protagonista do processo também tem funcionado como alavanca nas taxas de participação. Na campanha anual de indicação, cada funcionário tem a oportunidade de indicar uma organização social para receber um apoio financeiro da B3 Social. Em 2022 e 2023 foram recebidas cerca de 300 indicações ao ano. Todas as organizações aprovadas pela avaliação jurídica e de compliance receberam uma doação da B3 Social.
Paralelamente a essas estratégias, a empresa faz a “oferta” de várias ações, de doações de sangue a mentoria de jovens, durante o ano inteiro para engajar diferentes perfis de colaboradores. “Entendemos que as empresas têm um importante papel na sociedade e podem ajudar com a solução de problemas sociais. Se expandirmos essa contribuição para o time, é um potencial de impacto ainda maior”, diz Marcelly
Instituto C&A aposta em trilha gamificada para engajar lojas
O voluntariado é o programa mais longevo do Instituto C&A, pilar social da C&A Brasil: ele mobiliza os colaboradores da empresa desde sua criação, em 1992.
“A iniciativa é direcionada a apoiar organizações sociais, comunidades e grupos que historicamente lutam para afirmar seus direitos — mulheres, pessoas negras, indígenas, periféricas, LGBTQIAPN+, migrantes e outros — em especial nas regiões onde a C&A está presente”, afirma Gustavo Narciso, diretor-executivo do Instituto C&A.
Por meio dessas ações, anualmente, os voluntários compartilham tempo, conhecimento e habilidades com mais de 100 organizações sociais, coletivos, cooperativas, redes e empreendedores que fazem da moda uma ferramenta de transformação nas suas comunidades.
Cada colaborador tem pelo menos 3 dias livres para atuação voluntária no ano. As atividades podem ser presenciais ou online, técnicas ou “mão na massa”, e podem acontecer de forma pontual ou contínua – sempre com apoio e acompanhamento do Instituto C&A.
Desde 2019, mais de 275 organizações sociais parceiras contaram com participações voluntárias de 6 mil colaboradores da empresa. No total, mais de 500 mil pessoas foram impactadas pelas ações sociais da rede de varejo de moda. Para estimular a participação dos colaboradores, a empresa divide as ações em duas frentes: a de loja e a do escritório central.
Uma trilha anual gamificada que premia e reconhece os destaques mensalmente e anualmente é a principal estratégia para mobilizar os associados das lojas. No caso do escritório central, as ações seguem uma agenda corporativa, voltada ao empreendedorismo e desenvolvimento de marcas autorais, com foco nas habilidades de cada área.
“O Instituto C&A entende o voluntariado como uma ferramenta importante de transformação social. Há resultados significativos para todas as partes envolvidas. Visamos a ampliação de renda e maior segurança financeira das organizações sociais apoiadas, o desenvolvimento de competências individuais dos colaboradores e o fortalecimento da marca junto ao público em geral”, finaliza Narciso.
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Jornalista de formação, acredito que as palavras têm o poder de gerar experiências capazes de promover uma transformação positiva no mundo. Veterana do marketing de conteúdo, tenho também habilidades de UX writer e analista de SEO.