Para experts, felicidade não vem de fatores externos; entenda como isso impacta as empresas
No SXSW 2025, especialistas de diferentes áreas discutiram como a verdadeira felicidade vem de algo mais profundo: o significado e o propósito.

Foto: Juliana Cordaro - 08.03.2025
A felicidade é um dos conceitos mais buscados – e, paradoxalmente, um dos mais mal compreendidos. No painel Happiness: It’s not what you think (Felicidade: não é o que você pensa, em português), do SXSW 2025, especialistas de diferentes áreas discutiram como a verdadeira felicidade não vem de fatores externos, mas de algo mais profundo: o significado e o propósito.
Para líderes empresariais, profissionais de RH e gestores, essa visão tem implicações diretas na forma como as organizações podem promover o bem-estar de seus colaboradores.
A Flash está em Austin, com um grupo de executivos de RH, para acompanhar de perto as principais discussões sobre o futuro do trabalho no SXSW 2025.
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O equívoco da felicidade instantânea
Karen Guggenheim, fundadora do World Happiness Summit, iniciou a discussão desmistificando a ideia de que a felicidade vem de realizações materiais ou momentos de prazer. "A felicidade não tem origem externa. Isto é prazer, é diversão", diz Guggenheim. Ou seja, a felicidade genuína não vem de conquistas externas, que podem gerar prazer momentâneo, mas não sustentam um estado contínuo de bem-estar.
Esse conceito tem um impacto direto nas estratégias de engajamento das empresas. Em um mundo corporativo muitas vezes focado em bônus, benefícios tangíveis e incentivos financeiros, entender que o bem-estar exige profundidade pode levar a iniciativas mais eficazes e transformadoras.
Neuroplasticidade e felicidade
Um dos pontos centrais da palestra foi o papel da neuroplasticidade – a capacidade do cérebro de mudar e se adaptar ao longo do tempo. Guggenheim explicou que essa característica permite às pessoas treinarem seus cérebros para responderem de forma mais positiva às circunstâncias da vida. Assim como escovamos os dentes diariamente sem esperar motivação para isso, devemos cultivar hábitos que favoreçam o bem-estar.
Na prática, isso significa que programas corporativos de bem-estar podem focar em criar rotinas e espaços que reforcem hábitos saudáveis e positivos entre os colaboradores. Desde práticas de mindfulness até pequenas pausas que favorecem a conexão, são ações que ajudam a formar um ambiente de trabalho mais resiliente e produtivo.
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A escolha consciente da felicidade
A trajetória de Karen Guggenheim reforçou um dos conceitos mais impactantes da sessão: a felicidade pode ser uma escolha, mesmo nos momentos mais difíceis. Após perder o marido inesperadamente, Karen optou por seguir um caminho voltado para o propósito e bem-estar. “Eu escolhi a felicidade no momento mais difícil e obscuro da minha vida”, disse Guggenheim.
Para líderes organizacionais, essa abordagem tem um papel fundamental. Criar um ambiente de trabalho onde os colaboradores se sintam parte de algo maior ajuda a fortalecer a resiliência diante de desafios e crises. Empresas que priorizam cultura organizacional baseada em propósito e pertencimento têm maior retenção e engajamento.
Significado e propósito: a base do verdadeiro bem-estar
Michael Steger, especialista em bem-estar e professor da Universidade do Colorado, destacou que encontrar propósito é um determinante fundamental para uma vida satisfatória. “Vale a pena viver sua vida, não importa o que esteja acontecendo nela”, afirma Steger. Essa perspectiva reforça a importância de políticas organizacionais que ajudem os funcionários a enxergar valor no que fazem.
Empresas que investem na conexão de propósito entre seus times – através de feedbacks alinhados com valores, reconhecimento genuíno e oportunidades de crescimento – constroem times mais engajados e produtivos.
Corpo, relacionamentos e felicidade no trabalho
Alla Klymenko, psicóloga e especialista em felicidade, abordou a ligação entre o corpo e as emoções. Assim como a mente influencia o corpo, o contrário também acontece – e isso pode ser usado a favor da felicidade. Pequenos exercícios e posturas podem impactar diretamente no humor e disposição dos funcionários.
Além disso, os palestrantes reforçaram o poder dos relacionamentos na construção do bem-estar. Conectar-se genuinamente com colegas, criar um ambiente de apoio e promover empatia são fatores que contribuem para uma cultura empresarial mais saudável. “Se você quiser ser feliz, você precisa entrar nesse círculo”, afirma Klymenko.
O que isso significa para líderes e RHs?
As ideias discutidas no painel revelam que a felicidade no ambiente corporativo não deve ser tratada como uma meta isolada, mas como parte de uma cultura organizacional estruturada. Empresas que desejam ter times mais satisfeitos e produtivos devem focar em:
- Criar ambientes que favoreçam o desenvolvimento de propósito entre os colaboradores.
- Estimular hábitos positivos que reforcem um estado de bem-estar contínuo.
- Valorizar conexões interpessoais e incentivar relações de apoio dentro da equipe.
- Utilizar o conhecimento sobre neuroplasticidade para promover práticas que auxiliem na construção de um mindset positivo.
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É diretor de Branding na Flash. Formado em Comunicação Social pela Cásper Líbero, trabalhou em empresas e agências de comunicação, como Santa Clara, F/Nazca e Neon. Viajou ao Texas, Estados Unidos, para fazer cobertura especial do SXSW 2025 para o blog e as redes sociais da Flash.