O que é licença remunerada, como funciona e como deve ser calculado?
Descubra o que é licença remunerada, quais são as suas variações e como deve ser feito o cálculo corretamente.

As licenças remuneradas fazem parte do amplo universo das licenças trabalhistas e têm um papel fundamental tanto na rotina dos trabalhadores quanto na atuação dos profissionais de RH. Elas representam períodos de afastamento em que o colaborador mantém seu direito ao salário — mas o tema vai muito além dessa definição inicial.
Apesar do nome sugerir um afastamento pago, o conceito envolve uma série de regras, exceções e detalhes importantes. Por isso, antes de avançarmos, é importante esclarecer: neste conteúdo, utilizamos o termo "licença remunerada" para nos referirmos também a situações que o jurídico costuma classificar como “interrupção do contrato de trabalho”.
Continue a leitura para descobrir o que é licença remunerada, como ela funciona, quais são suas variações, o que diz a legislação trabalhista e como fazer o cálculo corretamente.
O que é licença remunerada?
A licença remunerada é um afastamento do trabalho em que um funcionário recebe seu salário mesmo estando temporariamente ausente da empresa.
Em outras palavras, durante a licença remunerada, o colaborador não sofre perda financeira. Ele continua a receber sua remuneração habitual, como se estivesse trabalhando normalmente.
Como funciona a licença remunerada?
A licença remunerada é regida tanto pela legislação trabalhista quanto pela política da empresa. Geralmente, o colaborador deve notificar a empresa com antecedência sobre a solicitação de licença remunerada, e essa solicitação deve ser acompanhada de documentação comprobatória, como atestados médicos.
A duração da licença remunerada varia de acordo com o motivo:
- No caso das férias, é possível usufruir de algumas semanas de descanso,
- Já licenças médicas tem o prazo de 15 dias. Havendo a necessidade de prorrogação da ausência após esse período, a licença médica passa a ser um benefício previdenciário e não mais licença remunerada.
Após o término da licença remunerada, o funcionário é esperado para retornar ao trabalho conforme acordado. O ideal é que o processo de retorno seja uma transição suave do funcionário de volta às atividades, levando em consideração o motivo do afastamento.
Diferenças entre licença remunerada e não remunerada
A licença remunerada, solicitada pelo funcionário, e não remunerada, concedida pela empresa, são dois tipos de afastamentos do trabalho. Confira as informações mais relevantes para diferenciar essas modalidades.
Licença remunerada
- Na licença remunerada o empregado continua a receber seu salário normal, ou parte dele, enquanto está ausente do trabalho.
- Normalmente, a licença remunerada é concedida em situações específicas, como feriados, licença médica, licença paternidade ou licença remunerada gestante, entre outras.
- Durante a licença remunerada, o vínculo empregatício entre o empregado e o empregador continua em vigor.
Licença não remunerada
- A licença não remunerada é um afastamento do trabalho no qual o empregado não recebe pagamento durante o período de ausência.
- Geralmente, a licença não remunerada é utilizada para resolução de problemas pessoais. Ela pode durar de 2 a 5 meses, conforme o combinado entre a empresa e o colaborador.
- Durante a licença não remunerada, o contrato de trabalho será, sempre, suspenso temporariamente. O que significa que o empregado não recebe salário, mas mantém sua posição na empresa. Um exemplo disso é o layoff.
O que é licença remunerada de férias coletivas?
É possível que a empresa organize férias coletivas no formato de licença remunerada. Isso significa que a empresa pode optar por conceder férias a todos os empregados ao mesmo tempo, durante o mesmo período.
À parte dessa situação, a diferença entre licença remunerada e férias é o motivo do afastamento. Em geral, as licenças remuneradas costumam ser um período garantido para que o colaborador possa cuidar de assuntos pessoais (maternidade, casamento, entre outros).
Em contrapartida, as férias são um direito ao descanso que corresponde a um período de trabalho. A partir de 12 meses trabalhados, os colaboradores contratados em regime CLT obtêm este direito.
Além disso, as férias não são consideradas como período de trabalho, enquanto a licença remunerada é. Normalmente, as férias têm uma duração de até 30 dias, enquanto a licença remunerada pode durar entre 120 e 180 dias.
Conheça 7 tipos de licença remunerada previstas na legislação trabalhista
No Brasil, existem diversos tipos de licenças remuneradas que são concedidas aos trabalhadores para atender a diferentes necessidades pessoais e profissionais. Entenda quem tem direito a licença remunerada com os 7 tipos de licenças mais comuns.
- Licença maternidade;
- Licença paternidade;
- Licença casamento;
- Licença nojo;
- Licença por atestado médico;
- Licença por serviço militar obrigatório;
- Licença incentivada remunerada.
1. Licença maternidade
A licença maternidade, ou licença de amamentação, tem a duração de 120 dias. De acordo com a Constituição Federal, no Artigo 7º, inciso XVIII a licença maternidade deve ser sempre remunerada. Esse direito é concedido às mulheres grávidas ou que acabaram de dar à luz.
Esse período de licença pode ser estendido em até 60 dias, conforme a Lei nº 11.770/2008, resultando em 180 dias. Caso a empresa ou empregador tenha aderido ao Programa Empresa Cidadã.
2. Licença paternidade
Destinada aos pais, a licença paternidade permite que eles tenham um período de afastamento remunerado para cuidar do recém-nascido. A duração geralmente é 5 dias, porém, caso a empresa ou empregador tenha aderido o Programa Empresa Cidadã, já citado anteriormente, a licença parental pode ser estendida até 15 dias.
3. Licença casamento
A licença casamento é concedida para que o funcionário possa se ausentar do trabalho durante os dias do casamento e lua de mel. O artigo 473 da CLT determina que, sem nenhum desconto do salário, o colaborador tem direito a três dias consecutivos de afastamento.
4. Licença nojo
A licença nojo é o afastamento remunerado concedido ao trabalhador em caso de falecimento de familiares próximos. O termo "nojo" tem origem no latim nausea, e embora hoje soe estranho ou antiquado, ainda é utilizado no meio jurídico e trabalhista para se referir a esse tipo específico de licença.
No mesmo artigo citado anteriormente, está previsto na CLT sobre a licença nojo (afastamento por falecimento) o seguinte:
“I - até 2 (dois) dias consecutivos, em caso de falecimento do cônjuge, ascendente, descendente, irmão ou pessoa que, declarada em sua carteira de trabalho e previdência social, viva sob sua dependência econômica”.
Em casos de falecimento, a licença de óbito, de acordo com a CLT, é de 2 dias consecutivos. Em alguns casos, mediante a ajustes particulares entre empresa e empregado, esse período pode ser estendido, não mais pertencendo às regras da licença remunerada e sim a outros regimes de prestação de serviço.
5. Licença por atestado médico
Quando um funcionário está doente ou incapacitado para o trabalho por razões de saúde, ele pode tirar uma licença por atestado médico. Nesse período, ele continua a receber seu salário, desde que apresente um atestado válido. Se o motivo for doença ou acidente de trabalho, prazo máximo de 15 dias. A partir do 16º dia muda o regime aplicável.
6. Licença por serviço militar obrigatório
A licença para cumprimento do serviço militar obrigatório é regulamentada pela Lei nº 4.375/1964 do Serviço Militar.
A licença militar obrigatória não deve levar à demissão de um colaborador. Segundo o artigo 472 da CLT, o colaborador que precisa se afastar por obrigações militares deve informar à empresa por escrito dentro de 30 dias após o fim do serviço militar.
7. Bônus: licença incentivada remunerada
A expressão "licença incentivada remunerada" não faz parte da legislação trabalhista. Mesmo assim, é utilizada nas empresas com o objetivo incentivar aos colaboradores a descansar em períodos além das férias, como parte do pacote de benefícios da empresa.
Como é feito o cálculo da licença remunerada?
O cálculo da licença remunerada pode variar conforme o tipo e a política da empresa. A seguir, confira um guia geral de como calcular licenças remuneradas.
- Determine o tipo de licença;
- Identifique a duração da licença;
- Consulte a base de cálculo;
- Calcule o valor diário ou mensal;
- Descontos;
- Valor líquido;
- Registros e pagamento.
Determine o tipo de licença
Primeiro, identifique o tipo de licença remunerada em questão, como licença maternidade, licença médica, férias remuneradas, entre outras.
Identifique a duração da licença
Verifique quantos dias ou meses a licença remunerada abrange. A duração pode variar dependendo do tipo de licença e das políticas da empresa.
Consulte a base de cálculo
Determine qual é a base de cálculo para a licença remunerada. Em muitos casos, a base de cálculo é o salário do trabalhador.
Calcule o valor diário ou mensal
Dependendo da duração da licença, é possível calcular o valor diário ou mensal do benefício. Por exemplo, se a licença for de um mês, o montante a ser pago é o salário mensal do trabalhador. Se for uma licença de 10 dias, o valor diário pode ser calculado multiplicando-se o salário diário pelo número de dias.
Descontos
Lembre-se de que os descontos legais, como INSS e Imposto de Renda, podem ser aplicados ao valor bruto da licença remunerada. Confirme as alíquotas correspondentes à faixa salarial do trabalhador com um representante de entidade sindical.
Valor líquido
O resultado final do cálculo será o valor líquido a ser pago ao trabalhador durante o período de licença remunerada.
Registros e pagamento
A empresa deve registrar a licença remunerada, pagar o valor devido ao trabalhador e manter a documentação adequada para fins de controle de ponto e conformidade legal.
Como calcular licença remunerada de férias?
O cálculo da licença remunerada de férias no Brasil segue uma fórmula específica. Ela envolve o valor do salário, o período de férias, e o acréscimo de 1/3 do salário. Aqui está como você pode calcular as férias remuneradas:
Determine o salário mensal
Primeiro, obtenha o valor do salário mensal bruto do empregado. Este é o valor antes de qualquer desconto, como INSS ou Imposto de Renda.
Calcule o valor diário do salário
Divida o valor do salário mensal pelo número de dias no mês. Por exemplo, se o salário mensal for R$3.000 e o mês tem 30 dias, o valor diário do salário é R$3.000 ÷ 30 = R$100.
Determine o período de férias
Verifique quantos dias de férias o empregado tem direito a receber. O período padrão é de 30 dias corridos.
Calcule o valor das férias
Multiplique o valor diário do salário pelo número de dias de férias. Por exemplo, se o valor diário do salário for R$100 e o empregado tirar 30 dias de férias, o cálculo será R$100 × 30 = R$3.000.
Acréscimo de 1/3
Adicione 1/3 do valor das férias calculado no passo anterior. Por exemplo, se o valor das férias for R$3.000, o acréscimo será de R$3.000 × 1/3 = R$1.000.
Valor total a ser pago
Some o valor das férias ao acréscimo de 1/3. No exemplo, o valor total a ser pago será R$3.000 (férias) + R$1.000 (acréscimo) = R$4.000.
Portanto, no exemplo dado, o empregado teria direito a receber R$4.000 como remuneração durante o período de férias.
Lembre-se de que essa é uma fórmula geral e que pode haver variações em empresas com políticas ou em situações especiais. É fundamental verificar sempre as políticas da empresa e a legislação atual para assegurar que o cálculo seja realizado de forma precisa.

O meu trabalho é encontrar soluções de conteúdo e desenvolver histórias nos momentos certos. Para isso, uso todos os tipos de linguagem a que tenho acesso: escrita criativa, fotografia, audiovisual, entre outras possibilidades que aparecem ao longo do caminho.