Ex-diretor de Next e Bradesco, Victor Queiroz conta porque está negociando a carreira via NFTs
Saiba porque Victor Queiroz, ex-diretor de RH dos bancos Next e Bradesco, está negociando a carreira via NFTs e conheça o conceito de open talent economy.
Em mais de 20 anos de experiência no mercado financeiro, Victor Queiroz, executivo de transformação digital e RH, acumulou passagens por bancos como Next, Citibank e Bradesco.
Em março deste ano, porém, ele resolveu dar um novo passo profissional. E passou a ser um dos executivos de RH cadastrados no banco de talentos da Chiefs.Group, plataforma de talentos que conecta executivos de alta senioridade interessados em atuar sob demanda e negociar o trabalho via NFT (sigla para tokens não-fungíveis, um ativo digital baseado em blockchain).
A migração para o modelo de trabalho chamado de "open talent economy", em que profissionais vendem parte de seu tempo e de suas skills para diversas empresas e startups ao mesmo tempo, foi feita pensando em sintonizar a própria carreira com os novos tempos. Victor Queiroz conversou com a Flash sobre esta mudança de paradigma.
Como funciona o modelo de "open talent economy"?
A economia aberta de talentos é um modelo de trabalho que, de um lado, possibilita que companhias acessem talentos externos altamente especializados e diversos, contratando-os de forma temporária ou permanente para realizar projetos ou desafios específicos, sem que tenham que incluí-los em sua folha de pagamento. E, de outro, proporciona maior flexibilidade para que esses profissionais escolham desafios mais aderentes aos seus interesses e habilidades, em diferentes organizações.
De que maneira você acredita que esse modelo vai impactar o RH?
O modelo "open talent" vem para ampliar as opções estratégicas dos RHs na hora de selecionar profissionais para compor a força de trabalho das empresas, sendo um formato de rápida implementação e bastante flexível do ponto de vista de custos.
Em vez da busca por candidatos que tenham formação e experiência para preencher uma posição fixa, neste modelo é crucial ter clareza de quais habilidades específicas serão necessárias para determinado projeto para encontrar profissionais que melhor atendam a essas necessidades e que se interessem pelo desafio.
Novas plataformas online têm surgido para administrar a relação contratual de trabalho entre as partes. A Chiefs Group, por exemplo, é uma dessas plataformas onde estou ativo como um dos executivos que empresas clientes poderão acessar.
Diversos estudos mostram que o futuro do trabalho passa por um olhar mais individualizado. Negociar a carreira com NFTs se conecta com essa ideia?
Durante a pandemia, as pessoas experimentaram as inúmeras vantagens de atuar de forma remota e assíncrona e viram que é possível equilibrar a vida pessoal e a produtividade no trabalho. No modelo de "open talent", cada profissional pode escolher os projetos e as organizações que mais desafiam suas habilidades e que melhor atendam aos seus interesses e necessidades, com flexibilidade para gerenciar a alocação de seu tempo, do seu local de trabalho e de sua própria carreira.
Diria que se trata de uma mudança de "centro de gravidade" nas relações de trabalho. Assim como os negócios têm evoluído para modelos mais centrados no cliente e suas necessidades, o mesmo acontece agora com o "open talent", que traz um olhar mais centrado no talento e suas habilidades em vez da visão tradicional, centrada nas empresas com suas vagas e job descriptions.
Será cada vez mais frequente vermos talentos optando por esse formato à medida que mais empresas passem a aderir a essa opção e as plataformas online se consolidem como alternativa. Em suma, com maior flexibilidade, ganha-se mais opções de conexão com equilíbrio de interesses e necessidades entre as empresas e os talentos.
Como profissionais e empresas se beneficiam desta conexão sem vínculo fixo?
Com essa abordagem, as empresas podem acessar mais rapidamente e a um custo variável uma força de trabalho altamente especializada, o que pode ser um diferencial competitivo, principalmente em momentos de grandes mudanças, por exemplo expansão, transformação, reestruturação, fusões e aquisições. E também quando as empresas precisam de habilidades que não estão disponíveis em sua equipe de tempo integral e precisam fazer isso com custos controlados. Além disso, a atuação integrada entre profissionais externos e time interno por si só já será um vetor de desenvolvimento de novas habilidades internamente, acelerando a adaptação das organizações às mudanças.
Já os profissionais externos passam a contribuir para uma variedade maior de organizações em diferentes áreas de atuação, o que amplia suas possibilidades de aprendizado e de desenvolvimento de novas habilidades, acelerando seu crescimento profissional.
O modelo "open talent" também se torna um indutor de maior diversidade e inclusão no mercado de trabalho ao proporcionar mais oportunidades para pessoas com as habilidades demandadas, mas que tenham restrições de horários, como pais com crianças pequenas, pessoas que cuidam de parentes em casa, entre outros casos.
Hoje você é um executivo experiente atuando nesse modelo. Como enxerga o futuro?
A intensificação do trabalho remoto e assíncrono abriu a possibilidade de se pensar nesse formato de trabalho inclusive para executivos, que passam a poder dedicar toda sua experiência e habilidades para várias empresas, alocando uma parcela do seu tempo para cada uma, e tornando seu custo acessível para cada uma delas.
Ainda estamos desbravando essa nova realidade, mas a tendência é que os trabalhos que possam ser feitos, em sua maior parte, de forma remota, assíncrona e projetizada, passem gradativamente a ser também parte desse novo modelo, principalmente aqueles que demandam habilidades mais especializadas, em que os talentos são mais escassos. Em momentos de grandes incertezas e mudanças, esse formato tende a prosperar.
Entendendo a Chiefs.Group e a negociação via NFTs
Para completar o bate-papo com Victor Queiroz o Blog da Flash conversou também com Cristiane Ribeiro Mendes, CEO e fundadora do Chiefs.Group, para entender melhor como funciona a iniciativa de negociação do trabalho de executivos via NFTs.
"Nossa solução em blockchain digitaliza a relação de troca de talento de um executivo por um contrato com a empresa. Basicamente, ela serve para que as partes tenham uma comprovação desse vínculo e possam dar transparência para o mercado de que aquela transação aconteceu e que o talento do executivo foi entregue para aquela empresa ou startup em questão", explica Cristiane.
Ao se cadastrar na plataforma, o executivo define o talento que quer "vender". Uma NFT correspondente é emitida e, quando uma empresa decide contratá-lo, é emitido um “contract token” e estabelecido o pagamento em dinheiro, equity ou tokens.
"À medida que o NFT vai aportando talento na companhia, vai havendo a troca de tokens de talento por tokens daquela empresa. Até que, no final da relação, o executivo passa a deter uma prova indiscutível de que de fato ele aportou capital intelectual na empresa e a empresa passa a deter o talento daquele executivo, podendo dizer para o mercado que ele de fato colocou o know how em prol daquele projeto", detalha a CEO da Chiefs.Group.
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Jornalista e mãe do Martin. Além de colaborar com a Flash, é assessora de imprensa na área de música e escreve sobre cultura em veículos de imprensa.