SXSW 2025: especialistas explicam por que mesmo com IA ainda somos tão improdutivos
Experts em trabalho discutem a razão pela qual a tecnologia não está gerando a eficiência esperada — deixando times com sensação de sobrecarga crescente.

Foto: Juliana Cordaro/Flash - 08.03.25
Nos últimos anos, muito se falou sobre o futuro do trabalho como uma transformação distante. No entanto, essa revolução já aconteceu – e nem todas as empresas estavam preparadas. Isso traz um novo cenário corporativo, equipes altamente capacitadas enfrentam um paradoxo preocupante: apesar de todos os avanços tecnológicos, sentem-se saturadas, pouco produtivas e cada vez mais presas a um ciclo de urgência constante.
Diretamente de Austin, onde faz uma turnê ao SXSW 2025 com um grupo de executivos de RH, o time da Flash acompanhou neste sábado (8/3) o painel “O Futuro do Trabalho Chegou e Ninguém Estava Preparado”.
Durante a conversa, Annie Dean, vice-presidente de futuro do trabalho da Atlassian, e Julia Herbst, editora sênior da Fast Company, apresentaram os resultados de uma pesquisa que mostra que as equipes estão cientes de que a IA vai mudar a forma como trabalham, mas ainda não descobriram como fazer isso acontecer por si mesmas.
“Dois terços dos trabalhadores do conhecimento disseram no estudo que acreditam que a IA pode ajudá-los a ser mais produtivos. Mas 96% dos executivos afirmaram que seus times ainda não descobriram como usar a IA de forma eficaz", disse Annie Dean.
Segundo a executiva, os avanços tecnológicos ainda não estão refletindo mais facilidade no dia a dia dos profissionais. Ainda existe muita ineficiência no mundo do trabalho, com reuniões sem sentido, informações desencontradas e pouco contexto. “Quantos de vocês entraram em uma reunião que parece um filme pela metade? Você fica tentando descobrir o que aconteceu, quem são os personagens, se há uma reviravolta na trama chegando.”
Não à toa, a pesquisa apresentada em primeira mão pelas duas, no SXSW 2025, revelou que 52% dos funcionários disseram que não podem avançar mais porque não têm as informações necessárias e 56% falaram que a única maneira de obter informações é agendando uma reunião. Executivos e trabalhadores do conhecimento gastam cerca de um quarto da semana procurando informações: em tópicos de e-mails, planilhas, slides, mensagens de Slack e documentos na nuvem. Isso persiste mesmo com toda tecnologia disponível.
E, de acordo com as especialistas, estar presencialmente no escritório não vai resolver essas questões. Isso porque, a maior parte da colaboração hoje acontece em ecossistemas virtuais.
Tecnologia como alavanca da informação
Um dos relatórios citados no painel, por exemplo, apontou que 2,4 bilhões de horas são desperdiçadas anualmente devido à ineficiência na troca de informações entre equipes, o que um paradoxo, visto que as pessoas nunca tiveram tanta informação disponível quanto agora.
Para resolver isso, é preciso abandonar métodos ultrapassados, reuniões excessivas e sistemas fragmentados, adotando tecnologias que facilitem o fluxo de informações de maneira ágil e eficiente.
“Na Atlassian, dividimos o mundo em seis faixas horárias para facilitar a colaboração. Isso porque, equipes eficazes precisam ter pelo menos quatro horas de sobreposição de horário de trabalho para garantir comunicação fluida sem comprometer a autonomia e o tempo de foco”, disse Annie.
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A executiva argumentou também que o retorno ao escritório deve ser encarado como uma oportunidade para adotar novas tecnologias, pois equipes que dependem exclusivamente de interações presenciais tendem a limitar sua capacidade de transformação digital e de integração com inteligência artificial (IA).
Para as palestrantes, a discussão sobre a volta aos escritórios precisa parar de explorar a dicotomia entre produtividade e preferência pessoal. “O ‘momento do bebedouro’, aquelas conversas casuais que levam a insights valiosos, podem ser replicados virtualmente, desde que as empresas desenvolvam práticas eficazes de colaboração, comunicação e fluxos de informação remotos".
O verdadeiro papel da IA
Por fim, as Julia Herbst e Annie Dean alertaram que, em tempos de excesso de informação, a produtividade não deve ser medida apenas pela quantidade de tarefas concluídas, mas pelo impacto do trabalho realizado.
Com a crescente capacidade de medir tudo digitalmente, empresas correm o risco de se perder em métricas irrelevantes, esquecendo-se que os resultados mais valiosos muitas vezes são intangíveis.
“O verdadeiro potencial da tecnologia e da IA está em liberar tempo para a criatividade e inovação, permitindo que as pessoas foquem no que realmente importa", concluiu Julia Herbst, editora sênior da Fast Company.
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É videomaker sênior na Flash. Formada em audiovisual, tem experiência em desenvolvimento de identidade visual, fotografia, design, animação e edição de vídeos.