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Esther Perel no Flash Humanidades: 'Futuro do trabalho está acontecendo agora e isso gera incerteza'

Psicoterapeuta veio ao Brasil pela primeira vez para participar do evento da Flash e falou para auditório lotado com mais de 500 convidados.

Flash

O relógio se aproximava das 21h quando o auditório do hotel Unique, na capital paulista, embora estivesse com seus mais de 500 lugares ocupados por convidados, silenciou com o anúncio da apresentadora do evento, Renata Ceribelli: Esther Perel, uma das mais conhecidas psicoterapeutas da atualidade, especialista em relações humanas e autora de best-sellers, estava subindo ao palco do Flash Humanidades 2025 para discutir o tema deste ano: “Além da tecnologia: o poder das emoções nas organizações". 

Em sua quarta edição, o Humanidades é um dos principais encontros internacionais para líderes e gestores de RH do país e tem como objetivo debater as grandes questões do mundo corporativo. E foi isso que aconteceu mais uma vez nesta edição.  

Esther abriu a conversa definindo-se como uma estudante de relações através das culturas e das influências das revoluções tecnológicas. “Sou especialmente interessada em quartos e salas de reunião", brincou ela, que é autora de vários best-sellers sobre relacionamentos, motivo pelo qual também é conhecida como guru de relacionamentos, e atualmente consultora organizacional para empresas da Fortune 500 ao redor do mundo. 

Esther disse que a sexualidade é uma lente incrível para a humanidade e que, hoje, o trabalho e relacionamentos pessoais se tornaram dois dos centros mais importantes 
aos quais recorremos para todas as nossas necessidades existenciais.

Já no início do papo, que falou para um plateia totalmente envolvida, e arriscando algumas palavras em português, arrancou sorrisos ao avisar: “pareço muito confiante, mas não tenho certeza de nada”.

Um dos grandes temas da atualidade, o futuro do trabalho surgiu logo no início da noite, e a especialista foi taxativa ao afirmar: “Não é um futuro. Está acontecendo agora mesmo. Sempre que há grandes revoluções tecnológicas, isso produz incerteza. Sempre que há grandes incertezas, há uma fratura na sociedade, reações binárias e polarizadas. Essa não é a nossa primeira revolução tecnológica, mas somos os primeiros a ter consciência de que estamos em uma.”

Confira a seguir os principais pontos da fala de Esther no evento: 

Economia de produção x economia de identidade

Um dos temas que a especialista trouxe à tona foi seu conceito de “economia de identidade” aplicado às relações de trabalho. Ou seja, de que nos dias de hoje é por meio do trabalho que nossa vida ganha sentido. 

“Costumávamos trabalhar principalmente para ganhar a vida. Ainda trabalhamos para ganhar a vida, mas muitos trabalhamos para ter um sentido na vida. Isso é algo muito diferente. Tanto o casamento quanto o trabalho costumavam ser economias de produção. Você tinha filhos, você ganhava a vida. E tudo se resumia ao que você produzia", explicou. 

E, segundo Esther, mudamos para algo que ela classifica como fenomenal, que é esperarem que o trabalho seja um lugar onde as pessoas vão experimentar propósito, pertencimento, significado, realização e comunidade. 

Confiança, pertencimento e reconhecimento 

Em quase uma hora de conversa, Esther falou também sobre a relação com o trabalho de seus temas de pesquisa atuais, que envolvem confiança, pertencimento, reconhecimento e resiliência coletiva, que, para ela, estão no centro da maneira como nos conectamos hoje com o ambiente corporativo. 

“Voltamos para o trabalho todos os tipos de necessidades que costumávamos direcionar antes para a religião e vida comunitária. Essa noção de que quero sentir um senso de pertencimento no trabalho é uma novidade completa. Continuamos repetindo, então começa a parecer algo normal, mas não é o mesmo pertencimento que você tinha na sua igreja, na sua comunidade”, disse. 

Quando pensamos em confiança neste contexto, afirmou, há perguntas a serem feitas: "Você me apoia?", "Posso falar o que penso?", "Posso expressar o que sinto?", "Posso correr riscos?" e "Posso confiar em você?". Segundo Esther, essas perguntas fundamentais criam confiança. 

Já o pertencimento se estabelece no relacionamento entre o “eu” e um grupo. “Da mesma forma que o casamento não é apenas um relacionamento a dois, é um sistema relacional. Então, como pertenço a este sistema? O sistema me reconhece? O sistema abre espaço para mim? O sistema define meu papel, reconhece meu papel, atribui valor ao meu papel? Esse é o reconhecimento. Então, o pertencimento é que eu faço parte de algo maior, e esse algo maior me dá aquele apego e aquela base que está além de mim mesmo.”  

Continue aprendendo: Descubra aqui como foram os eventos anteriores do Flash Humanidades

O reconhecimento, a partir de seu ponto de vista, se relaciona com o respeito e o valor. Já a resiliência coletiva, para a psicoterapeuta, relaciona-se com os tempos atuais, de incerteza. “Porque a coisa mais importante quando as coisas estão incertas é a habilidade de responder com flexibilidade e adaptabilidade, como em todos os sistemas na natureza.”

Inteligência artificial e atrofia social 

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Questionada sobre a influência da IA nas interações humanas, tanto no trabalho quanto fora dele, Esther citou o conceito de atrofia social, perguntando ao público presente no evento quem cresceu brincando na rua ou tem filhos que hoje fazem isso. 

“Essa pergunta para mim é o início da antropologia social. O que se perde, e essa é a metáfora. Não estamos falando apenas literalmente, mas a rua é o terreno essencial para a negociação social. Onde você aprende interações improvisadas, não solicitadas, não monitoradas e não coreografadas. Onde você faz a guerra e faz a paz, cria regras e quebra as regras, faz alianças e novas alianças, é criativo e desenvolve a essência das habilidades sociais.” 

O problema, para a psicoterapeuta, começa neste ponto. E foi agravado pelos anos de pandemia. Segundo Esther, os dois anos de lockdown fizeram com que a tecnologia fosse o principal meio para se conectar com outras pessoas e que, apesar de o digital ter tido um papel essencial para a manutenção das relações durante a pandemia, fez com que as pessoas desenvolvessem um modo de viver sem contato uns com os outros. 

Com esta atrofia, defendeu, perdemos a capacidade de nos relacionarmos com outra subjetividade. “O que acontece é que todos esses dispositivos são preditivos, sendo a IA um deles, basicamente regurgitando algo que é perfeito e sem atrito. E a questão não é tanto como isso está afetando meu relacionamento com a máquina, mas sim como está mudando minhas expectativas sobre meus relacionamentos com outros seres humanos. Começo a internalizar essa perfeição algorítmica e a incorporo às minhas expectativas com as pessoas. Isso é um pedaço da atrofia. A questão é: como vamos lidar com a bagunça da vida humana? Os solavancos, os cheiros, os cuidados, as coisas que não são tão fáceis de resolver?", provocou a especialista, em meio a aplausos da plateia. 

Inteligência relacional

Durante sua conversa, Esther trouxe à tona um conceito que tem começado a ganhar mais espaço nas discussões sobre trabalho, que é a inteligência relacional. Ela afirmou ter percebido nas empresas uma mudança na percepção sobre as habilidades de relacionamento, para além das soft skills, estas que, em sua avaliação, são tratadas como habilidades femininas. 

“É bom ser bom com as pessoas, mas ninguém é promovido por isso. Portanto, as ‘habilidades femininas’ geralmente são admiradas em princípio e depois são desconsideradas. Agora, as pessoas estão começando a entender que as habilidades de relacionamento são o novo resultado final, a vantagem competitiva. Por isso, todos estão tentando entender como criar essa inteligência relacional no local de trabalho.” 

Ao se aprofundar no tema, contou, que percebeu que a resposta passa pelas lideranças. Para ela, a primeira coisa a se fazer para estabelecer uma cultura de cuidado nas companhias é entender que liderar não se trata de compartilhar uma visão, mas de criar um ambiente onde as pessoas possam vivenciar a ansiedade, que é um sentimento normal, com segurança.

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Ser demitido dói mais do que se divorciar? 

Questionada sobre dados de uma pesquisa de Harvard que descobriu que as pessoas podem sofrer mais em uma demissão do que no próprio divórcio, Esther disse que a experiência em seu podcast, “Where Should We Begin", parece reforçar este resultado.

Esther conta que, hoje, é mais fácil fazer com que as pessoas falem sobre seus relacionamentos do que sobre o trabalho, o que foi uma grande surpresa para ela. Segundo a psicoterapeuta, na maioria das culturas tradicionais, as pessoas perguntavam de quem eram filhas e não o que faziam. 

“Hoje, o trabalho é a característica definidora. Então, quando você é demitido, muitas coisas acontecem: um, você não necessariamente queria. E nem sempre você quer o divórcio também, mas no local de trabalho… Dois, qual é a vergonha associada ao fracasso? Três, quão responsável você é por sustentar outras pessoas que contam com você?”. 

Saúde mental e perda ambígua

A saúde mental no ambiente corporativo também foi tema no palco do Flash Humanidades 2025. Esther afirmou acreditar que o caminho para as empresas garantirem bem-estar dos funcionários está em não tratar o assunto como uma questão de compliance, mas simplesmente como algo importante. 

“É preciso prestar atenção aos trabalhadores, encontrar maneiras de ajudar as pessoas a se relacionarem, se conectarem, sentirem confiança e boas práticas em torno disso. Essas coisas sempre foram feitas, não apenas de forma abstrata. Cada cultura tem rituais e práticas que ajudam as pessoas a se unirem, se conectarem e construírem algo juntas. Não há razão para que as empresas não sigam essa trajetória que foi definida em todas as culturas há séculos.”

Ao final da apresentação de Esther, o público teve a oportunidade de fazer perguntas à psicoterapeuta. Foram abordados temas como gerações e trabalho, cultura organizacional e diversidade. 

Veja alguns destaques deste momento: 

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  • Diferenças geracionais no trabalho

Esther lembrou que, atualmente, há cinco gerações no mercado de trabalho, mas que a discussão precisa considerar que, apesar disso, não há identidades fixas. “Identidades fixas significam que você tem a tradição versus a ruptura, o legado versus a inovação, o privilégio versus a marginalização. Essas conversas são muito estáticas e rígidas", pontuou. 

Ainda sobre o tema geracional, Esther fez uma provocação a respeito da  Geração Z, constantemente criticada no mercado de trabalho. “Eles são meus filhos. Há muitos dos seus filhos. Nós criamos essas pessoas do jeito que elas são e é por isso que elas aparecem e trabalham do jeito que você não gosta. Eles não surgiram do nada e não se tornaram isso do nada, não é algo que se aprende na escola.”. Para Esther, cada perfil de trabalho é definido, para além da idade, pelo contexto de vida de cada um dos profissionais. 

  • Diversidade

A diversidade também esteve presente nas perguntas do público. A psicoterapeuta falou da importância de não se colocar na mesma cesta as demandas de diferentes grupos dentro das empresas, que devem olhar com atenção para o perfil específico de seus colaboradores. 

“Quando as pessoas vão trabalhar, levam sua vida toda. Por exemplo, 37 milhões de americanos são cuidadores. Antes de chegarem ao trabalho às 9h, muitos já passaram duas horas cuidando de alguém. E quanto mais você tem sociedades individualistas, mais isso acontece, porque a família não está lá para cuidar das pessoas.” 

Quando o assunto são minorias queer, a especialista acredita ser importante atender a dois aspectos: lugares para que as pessoas se reúnam com outras que estão lidando com o mesmo tipo de circunstância e espaço para as minorias de qualquer tipo conversarem com as pessoas que não se enquadram nestes contextos. “Acho que poucas empresas fazem as duas coisas. Por muito tempo, a ideia foi que estar com a minha própria gente me daria apoio, me ajudaria, mas isso não me ajuda com as pessoas que não têm ideia sobre mim.”

  • Cultura organizacional 

A psicoterapia trouxe um ponto de vista bem inovador quando ao responder ao público sobre cultura organizacional: criar a possibilidade de as pessoas poderem contar histórias umas às outras no ambiente de trabalho melhorando os relacionamentos. 

“Acredito que boas histórias criarão uma boa cultura. Porque a ciência é clara. Se você tem uma boa cultura de relacionamento, terá mais engajamento. Se você tiver mais engajamento, terá um desempenho maior e até mesmo um alto desempenho sustentado.”

E por que histórias? “Porque se você usa o Zoom, você não tem nenhum ritual. Você mal pergunta à pessoa: ‘como vai?’. Você não pergunta se pode te trazer uma xícara de café. Você tem dezenas de milhares de pontos de contato que desaparecem instantaneamente. E não há contato visual real, você não sabe exatamente quando a pessoa está respondendo a uma mensagem, olhando para uma notificação, e é por isso que todos se acostumaram com esse silêncio glacial quando alguém diz: ‘alguma ideia?’’. 

Para motivar este tipo de discussão, Esther lançou um jogo de cartas chamado "Where should we begin: At Work", em que as cartas convidam os jogadores a compartilharem histórias e momentos com seus colegas de trabalho. 

Quando contamos histórias, não no sentido de desviar do tema, mas sim como um complemento ao assunto da reunião, defende Esther, as pessoas ouvem. “Encontre algo e não pense nisso como uma distração do trabalho real. É constitucional para o trabalho que você está tentando fazer. Acho que os valores são essenciais. Eles determinam nossa experiência. Nossa experiência determina nosso comportamento. Nosso comportamento determina nossa narrativa. Essas coisas estão todas interconectadas.”  

Esther terminou sua fala com uma previsão sobre cultura organizacional: “Dentro de dois, três anos, algo enorme vai acontecer. E nenhum de nós pode prever. Mesmo as pessoas que estão criando isso não podem prever. Todos sabem que está indo rápido demais e não sabem como desacelerar. Começaremos a ver pessoas tentando criar pequenos grupos significativos para que possamos suprir todas as necessidades básicas que mencionamos”.

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