Managing up: o hack resgatado pela Geração Z para "gerenciar" os chefes
Descubra o que é managing up - tendência resgatada pela Geração Z para melhorar a comunicação e a colaboração no trabalho. Saiba mais sobre o tema!
Entender o perfil do seu líder e desenvolver habilidades para manter uma dinâmica saudável com ele (ou ela) pode ser a chave para o sucesso da sua carreira.
Apesar de parecer algo óbvio, essa prática, chamada em inglês de managing up (ou gestão para cima, em uma tradução literal), é esquecida por muitos profissionais. Outros preferem seguir por um caminho de embate direto — prejudicando ainda mais a relação com os líderes.
Não à toa, cientes da importância do managing up para prosperar na carreira, os profissionais da Geração Z resgataram a tendência, que vem se tornado assunto nas redes sociais.
No TikTok, por exemplo, a hashtag #managingup acumula mais de 9 milhões de menções. E influencers de carreira explicam que esse hack pode ser a saída para gerenciar as expectativas dos chefes e conseguir maior equilíbrio entre carreira e vida pessoal.
Mas, o que é exatamente o managing up e por que a Geração Z resolveu resgatá-lo? E mais: como essa tendência se conecta com movimentos atuais do mercado de trabalho e pode ajudar colaboradores e companhias? O blog da Flash conversou com especialistas e explica a seguir.
O que é managing up?
Assim como sua tradução, não existe uma definição consolidada em português para o termo, mas em linhas gerais o managing up pode ser estabelecido como a habilidade de “gerenciar” o seu chefe.
“Trata-se de como eu consigo administrar e fazer essa conexão dos meus objetivos pessoais e dos objetivos do meu gestor”, diz Marcela Zafani, analista de desenvolvimento organizacional na farmacêutica Hypera Pharma, responsável pelo desenvolvimento dos mais de 1.300 líderes da companhia.
Vale destacar que gerenciar os chefes está muito longe de adotar uma postura de bajulador ou puxa-saco. A ideia é entender o perfil da sua liderança, a forma como ela trabalha e criar mecanismos para se adaptar a isso, mostrando também o seu jeito de trabalhar.
“Numa relação de bajulamento, o funcionário só favorece o seu superior e dá mais corda ainda para aumentar sua distância com ele. Managing up é sobre ser estratégico para conquistar essa relação ganha-ganha”, afirma Marcela.
Por que a Gen Z resgatou o managing up?
De acordo com especialistas, o resgate dessa estratégia antiga do mundo corporativo pela Geração Z se dá muito pelo contexto em que esses profissionais estão inseridos.
É preciso lembrar, por exemplo, que muitos desses profissionais chegaram ao mercado de trabalho durante a pandemia de covid-19, em que muitas empresas estavam no modelo remoto. Algo que, por si só, já traria uma nova dinâmica nos relacionamentos — com chefes e colegas. Fora isso, os GenZ tendem a buscar por novas formas de gestão que saiam do comando e controle.
“É uma geração que quer fazer parte das coisas. E essa relação com o chefe é muito importante para que eles se sintam seguros e confortáveis onde estão. Fora isso, os GenZ tendem a adotar uma postura mais inclusiva, que quer resgatar o lado humano nas relações”, afirma Marcela.
Por último, também é preciso lembrar que a Geração Z é conhecida por demandar maior flexibilidade no trabalho e equilíbrio entre vida pessoal e carreira. Alguns estão dispostos a abrir mão do crescimento profissional em troca de mais bem-estar, já outros estão buscando novos olhares para o conceito de produtividade.
“O que tem surgido é produtividade inteligente. É questionar que ser produtivo não é acordar às cinco da manhã, mas ser eficiente naquilo que você faz”, explica Jéssica Paraguassu, CEO da Mulheres no Comando.
“Então, o managing up talvez esteja relacionado à característica da geração Z de ajudar seus chefes a serem mais objetivos, eficientes para que, assim, ambos sejam mais produtivos”, completa a especialista.
O managing up funciona com todos os chefes?
Apesar de ser uma estratégia que pode melhorar a relação entre líderes e liderados, é importante salientar que o managing up não é a solução para lideranças tóxicas, nem que irá funcionar com todo perfil de chefe.
“Eu me pergunto até que ponto um chefe é gerenciável”, questiona Jéssica Paraguassu. “Tem de existir uma abertura por parte do líder para que ele aceite feedback, por exemplo. Se ele não estiver aberto, o managing up não vai dar certo, porque em primeiro lugar tem de se estabelecer uma relação de troca e confiança entre líder e liderado.”
Além desse ponto, para a consultora, esse líder tem de ser maduro. “Líderes inseguros podem ir no caminho oposto, de querer controlar tudo, microgerenciar, assegurar que aquele trabalho seja feito. Nesse contexto, receber feedback de um liderado pode soar como uma ameaça para um líder inseguro”, analisa.
Por que o managing up pode ser benéfico para as empresas
Para as empresas, há muito o que ganhar com a prática do managing up pelos seus colaboradores. A começar pelo óbvio: ter relações saudáveis entre líderes e liderados contribui para um bom clima organizacional e para o engajamento dos colaboradores.
Algo que, segundo Marcela, da Hypera, resulta também em benefícios indiretos como maior inovação na empresa. “Essa motivação gera resultados inesperados. Porque, com times motivados, temos colaboradores que se sentem seguros para questionar e, consequentemente, gerar novas estratégias”, afirma.
Ou seja, as especialistas salientam que estabelecer relações mais transparentes e saudáveis é um fator de crescimento — para profissionais e empresas.
“O managing up é, justamente, ter pessoas que não só obedeçam, mas que tragam ideias do que pode ser melhorado em processos e no negócio”, finaliza Jéssica, da Mulheres no Comando.
Sui é jornalista, compositora e cantora. Possui bastante experiência em Educação e Política, com agências e clientes da esfera pública.