De ESG a mais flexibilidade, preferências da Geração Z impactam as políticas de viagens corporativas nas empresas
Entenda como as expectativas da Geração Z sobre viagens a trabalho impactam a escolha de fornecedores e a gestão de risco nas empresas.
Questões relacionadas a diferenças geracionais já entraram para a rotina das empresas. Isso porque o fato de termos, pela primeira vez na história, quatro gerações participando ativamente do dia a dia dos negócios traz desafios extras para diversas áreas dentro das empresas — como é o caso da gestão de viagens corporativas.
Da escolha de fornecedores à liberação ou não para o “bleisure” (termo usado para a tendência de combinar lazer e trabalho em uma mesma viagem), os gestores de viagens têm precisado rever suas políticas para atender aos diferentes estilos de profissionais, com idades muito variadas.
Para ter uma ideia do que isso significa na prática, uma pesquisa conduzida pela rede de hotéis Hilton, que analisou dados de 10.000 hóspedes de nove países, mostrou que 27% dos membros da Geração Z (18 a 29 anos) pretendem levar amigos ou parentes em viagens a negócios, para poder equilibrar o trabalho com momentos de lazer. Já entre os Baby Boomers (65 a 79 anos), o percentual cai para 13%.
“Esse tema tem estado presente na pauta de todo o setor, tanto que foi um dos principais pilares do último encontro da associação global de profissionais de gestão de viagens”, afirma Luana Nogueira, diretora-executiva da Associação Latino Americana de Gestão de Eventos e Viagens Corporativas (Alagev).
As diferenças geracionais x as políticas de viagem
Mais do que gostos particulares, prioridades tão diferentes de acordo com a idade dos funcionários geram impactos diretos sobre as políticas de gestão de viagens das empresas.
Isso porque, como explica Luana, apesar de esses aspectos muitas vezes “parecerem pequenos”, eles influenciam diretamente a escolha dos fornecedores de viagem.
Por exemplo: na pesquisa do Hilton, 83% dos respondentes da Gen Z disseram dar grande valor à presença de comodidades online nos hotéis em que se hospedam (como a chance de acionar o serviço de quarto pelo WhatsApp ou por um aplicativo), enquanto isso, 66% dos Baby Boomers têm sua experiência afetada por essa possibilidade.
Outro estudo, realizado pela plataforma de gestão de viagens TravelPerk, mostrou que os profissionais mais jovens têm uma maior expectativa sobre aspectos que, para os mais velhos, são encarados como luxos, como wi-fi gratuito nos voos.
Lazer ou trabalho? Geração Z e Millennials lideram o “bleisure”
Por mais que exista entre todos os grupos geracionais a tendência de misturar interesses de negócio e de lazer em uma mesma viagem, esse desejo é mais forte entre os profissionais mais jovens.
Os dados do estudo do Hilton mostram um crescimento de até 15%, conforme o destino, nas extensões para o fim de semana de hospedagens feitas inicialmente para viagens a trabalho. Quando analisado o recorte geracional, entre os membros da Geração Z e os Millenials, mais de um terço considera aumentar sua permanência em viagens para fins pessoais.
Para as empresas, adaptar-se a essa tendência envolve diversos aspectos: desde a criação de políticas de flexibilidade no modelo de trabalho, para contemplar essa possibilidade, até um estudo detalhado da responsabilidade civil do empregador sobre o profissional que, mesmo estando em um momento de lazer, viajou a trabalho.
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A tendência de os profissionais mais jovens buscarem a combinação entre viagens de trabalho e lazer foi tema de um painel em um dos maiores eventos do setor, a convenção da Global Business Travel Association (GBTA), associação que reúne profissionais do turismo de todo o mundo, em julho deste ano.
Durante o painel sobre os e os impactos que isso traz para a gestão de riscos em viagens corporativas, a entidade afirmou que é necessário uma combinação de políticas pensadas para a nova realidade e o estabelecimento de uma comunicação direta sobre a gestão de riscos para a Geração Z.
Sustentabilidade e inclusão também entram na pauta das viagens com as novas gerações
Outro impacto que a diversidade de gerações no mercado de trabalho tem sobre as escolhas de política de viagem das empresas são os novos elementos que passam a ter que ser considerados nas definições de protocolos e fornecedores.
No congresso da GBTA, dois temas que ganharam destaque foram as questões relacionadas à sustentabilidade e a inclusão.
“Principalmente os profissionais mais jovens cobram que as empresas tenham posturas muito alinhadas ao que eles acreditam. Então, se há uma preocupação com a sustentabilidade, por exemplo, isso tem que ser levado em conta na escolha de companhias aéreas e dos parceiros que farão o translado dos profissionais do aeroporto ao hotel, para se optar pelas opções menos poluentes, por exemplo”, afirma a diretora-executiva da Alagev.
Quanto à inclusão, é um tema que cresce de forma paralela ao avanço das novas gerações no mercado de trabalho. Por haver entre os profissionais mais jovens uma participação maior de profissionais de grupos minorizados (como os LGBTQIAPN+), aspectos como a segurança da pessoa em ambientes em que sua identidade não seja aceita devem ser considerados.
“Temos cada vez mais elementos a serem considerados na rotina dos gestores de viagem, mas é algo que, no fim das contas, tem impacto positivo sobre o bem-estar do funcionário e, portanto, com a satisfação dele em trabalhar naquela empresa. Por isso é tão importante que todos esses temas estejam na pauta”, conclui Luana.
Jornalista, divide sua rotina entre o filho, projetos de comunicação para empresas inovadoras e um romance que logo será publicado.