Opinião: transformar fraquezas em oportunidades pode ser maior desafio para as empresas em relação à NR-1
Descubra como a NR1 está redefinindo o gerenciamento de riscos psicossociais e como sua empresa pode se adaptar para transformar desafios em oportunidades com insights do Dr. Sergio Cagno.
Por Sergio Cagno, chief medical officer (CMO) da Salú
A evolução das Normas Regulamentadoras (NRs) é um reflexo direto da preocupação com a saúde e segurança no trabalho. A NR-1, que abarca diretrizes gerais de saúde e segurança, passou a exigir, de acordo com nova redação publicada no ano passado, o levantamento de riscos psicossociais (como assédio moral e sexual e sobrecarga de trabalho) como parte do Programa de Gerenciamento de Riscos (PGR).
A determinação, que entra em vigor a partir de maio de 2025, está colocando as organizações diante de um novo e importante desafio. Ao mesmo tempo, muitos gestores têm se deparado com um longo caminho a ser percorrido na implementação de programas de saúde mental.
Nesse cenário, um questionamento tem sido frequente: o que fazer quando os programas de prevenção de riscos psicossociais são incipientes, ou mesmo inexistentes?
Identificar perigos ligados à saúde mental dos colaboradores é uma tarefa complexa e envolve mais do que a coleta de dados e a aplicação de ferramentas específicas. Um levantamento desse tipo pressupõe uma análise qualitativa das condições de trabalho, das relações interpessoais e de organização das atividades, além da participação dos colaboradores.
Dependendo do grau de maturidade dos programas voltados à saúde mental, aprofundar-se no levantamento pode expor vulnerabilidades e desafios que demandam atenção e cuidado profissional.
Por isso, acima de tudo, é importante adotar uma postura colaborativa e receptiva a diferentes pontos de vista.
Reconhecer o desafio a ser enfrentado é o primeiro passo!
O primeiro desafio é a resistência à mudança. Muitas empresas podem sentir-se intimidadas pela obrigatoriedade e temer que o levantamento revele um cenário longe do ideal. Essa preocupação, embora compreensível, não deve ser paralisante. Reconhecer problemas é sempre o primeiro passo para a construção de soluções.
Outro obstáculo é a integração do levantamento de riscos ao cotidiano das empresas. Uma vez que esses dados são obtidos, o verdadeiro trabalho começa: incorporá-los ao PGR de maneira estruturada e transformá-los em ações práticas. Isso exige envolvimento da liderança, comunicação clara e uma estratégia de longo prazo.
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Desenvolva um plano de ação
Mesmo que o levantamento inicial apresente resultados desafiadores, ele é o ponto de partida para a transformação. O importante é que as organizações tenham um plano de ação claro. Aqui estão algumas etapas essenciais:
Comprometimento da liderança: o engajamento dos gestores é fundamental para que as mudanças sejam efetivas. Para a jornalista Izabella Camargo, a responsabilidade com o bem-estar não é individual: “empresas e funcionários devem se unir em prol da saúde mental”. Líderes que demonstram comprometimento atuam como agentes transformadores e possibilitam que as iniciativas saiam do papel. Isso pode ser alcançado por meio de:- Reuniões regulares com gestores para alinhar as metas do plano de ação;
- Comunicação clara e transparente sobre os objetivos e benefícios esperados;
- Criação de indicadores de desempenho que envolvam diretamente a liderança;
- Desenvolvimento de treinamentos para preparar gestores para liderar mudanças.
Escolha de ferramentas adequadas: investir em soluções que auxiliem na coleta e análise de dados facilita a implementação do plano de ação, além de aumentar a precisão na identificação de desafios e oportunidades;
Comunicação interna: envolver os colaboradores e deixá-los cientes do objetivo das ações reduz resistência e aumenta a adesão. Esse envolvimento, inclusive, é uma diretriz prevista na redação da norma, no artigo 1.5.3.3, que diz: “A organização deve adotar mecanismos para: a) a participação de trabalhadores no processo de gerenciamentos de riscos ocupacionais”;
Revisão contínua: o levantamento não deve ser um evento isolado, mas parte de um processo de melhoria contínua.
Uma jornada de aprendizado e evolução
Assim como o PAT revolucionou a maneira como as empresas enxergavam a importância da alimentação saudável para os trabalhadores, a NR-1 tem o potencial de transformar o cuidado com a saúde mental. Os desafios existem, mas também as oportunidades.
Enxergar o levantamento de riscos psicossociais como um passo fundamental para o progresso organizacional é a chave para superar resistências e promover mudanças positivas.
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É Chief Medical Officer (CMO) da Salú desde 2022, liderando estratégias de saúde ocupacional para clientes em todo o Brasil. Médico do trabalho com 40 anos de experiência em Saúde Ocupacional, é pós-graduado em Medicina do Trabalho, Administração em Saúde e Marketing. Ao longo da carreira atuou em multinacionais e como consultor para grandes empresas.