"Ter mentores 30 anos mais velhos do que eu, mudou a minha vida", diz gerente da Dell para Startups
Painel no SXSW 2025 abordou a importância de cultivar relacionamentos multigeracionais para o sucesso profissional.

O ambiente de trabalho moderno está cada vez mais diverso — e isso não se restringe apenas a gênero, etnia ou cultura. A coexistência de diferentes gerações nas empresas se tornou um dos principais desafios e, ao mesmo tempo, uma grande oportunidade para inovação, produtividade e fortalecimento das comunidades profissionais. Esse foi o tema central da palestra The Multigenerational Workplace: Age Diversity in Modern Communities (Ambiente de trabalho multigeracional: diversidade de idade nas comunidades modernas, em português), realizada no SXSW 2025.
O painel, que contou com a presença de Yj Lin, gerente sênior do programa Dell para Startups, e Thom Singer, CEO do Austin Technology Council, trouxe como diferentes gerações enxergam a tecnologia, constroem relacionamentos profissionais e contribuem para a cultura organizacional. A principal lição? Em um cenário de rápidas transformações, o segredo do sucesso está na troca entre experiência e inovação. A Flash está acompanhando de perto tudo o que acontece no SXSW 2025.
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Networking entre gerações
Se antes a conexão entre as pessoas era limitada e dependia de interações presenciais ou ligações telefônicas, hoje vivemos na era da hiperconectividade. Esse avanço tecnológico criou diferentes formas de socialização e colaboração, moldando o comportamento de cada geração.
No ambiente corporativo, isso significa que as expectativas e métodos de trabalho divergem: enquanto profissionais mais experientes valorizam interações presenciais e planejadas, as gerações mais jovens tendem a preferir conversas rápidas e dinâmicas via chats ou redes sociais.
Um dos pontos centrais discutidos na sessão foi o impacto do networking entre pessoas de diferentes gerações. Empresas e comunidades mais bem-sucedidas são aquelas que incluem diferentes faixas etárias em seus círculos profissionais.
A experiência mostra que a troca entre gerações não apenas auxilia no desenvolvimento de carreiras, mas também fortalece a inovação. Segundo Thom Singer, a construção de relacionamentos diversos deve ser uma prioridade tanto para jovens talentos quanto para veteranos da indústria. Afinal, enquanto os mais experientes podem compartilhar suas vivências e lições aprendidas ao longo dos anos, os profissionais mais jovens são agentes de mudança que trazem novas perspectivas tecnológicas e comportamentais.
Ao invés de focar nos atritos geracionais, os palestrantes desafiaram os presentes a enxergarem o valor que há nessa diversidade. Segundo Singer, normalmente as pessoas se relacionam com grupos que se identificam por terem os mesmos interesses, idades ou características.
“Se você está nos seus 20, 30 anos, tenha certeza de que está construindo relações legítimas com pessoas de 50, 60 anos, porque elas não estão obsoletas. Experiência é importante, e você pode aprender muito mais ao construir essas relações”, disse Singer.
O mesmo vale para os mais velhos em relação aos mais novos. Para Singer, os mais novos estão vivendo mais as mudanças tecnológicas, que podem trazer aprendizados valiosos para os mais velhos. “O que mudou a minha vida foi encontrar e manter mentores que eram 20, 30 anos mais velhos do que eu”, diz Lin.
Poder da mentoria
Outro conceito abordado foi o papel da mentoria no crescimento profissional, destacando diferentes tipos dessa prática, incluindo a mentoria reversa — quando um profissional mais jovem ensina um mais experiente sobre novas tendências, tecnologias e mudanças culturais.
Para ilustrar esse ponto, Singer relatou uma experiência pessoal: ele estabeleceu um relacionamento de longo prazo com dois mentorados, que se tornaram tão próximos que suas filhas passaram a chamá-los de “filhos mais velhos”. Eles estavam presentes no casamento de uma delas. Esse exemplo evidencia como essas conexões podem se transformar em laços essenciais tanto para a vida profissional quanto para a vida pessoal.
A dica prática é que as pessoas busquem marcar encontros regulares com colegas de pelo menos uma geração diferente da sua, seja para um café ou um almoço, a fim de ampliar suas perspectivas e compartilhar conhecimento, e que se esforcem para construir relações verdadeiras e duradouras.
Assista ao vídeo especial que preparamos durante a cobertura do SXSW 2025:
Papel das empresas na promoção da diversidade etária
As organizações que desejam se manter competitivas precisam ser intencionais na criação de culturas corporativas que valorizam a diversidade etária. Algumas maneiras de promover essas interações incluem, baseadas na palestra de Singer e Lin, são:
- Criar programas de mentoria entre gerações que incentivem a troca de conhecimento entre diferentes faixas etárias.
- Estimular a colaboração entre equipes multigeracionais para projetos estratégicos, aproveitando a experiência de uns e a inovação de outros.
- Incentivar a documentação das histórias e aprendizados da empresa, evitando que conhecimentos valiosos se percam com a saída de funcionários experientes.
Inovação em Austin
A experiência de Austin como polo tecnológico foi um ponto de destaque na palestra. Os palestrantes mencionaram que o crescimento exponencial da cena de tecnologia na cidade não foi resultado apenas de inovação, mas, principalmente, da transmissão contínua de conhecimento entre gerações.
Esse histórico serve como alerta para empresas que nem sempre dão a devida atenção à preservação de suas melhores práticas e lições organizacionais. Como enfatizado na palestra, é preciso evitar a "reinvenção da roda", garantindo que aprendizados valiosos sejam registrados e compartilhados com novas gerações de colaboradores.
Para diretores de RH, CEOs e gestores financeiros, o convite é claro: mais do que simplesmente administrar uma força de trabalho multigeracional, é preciso orquestrar a colaboração entre diferentes idades para criar uma cultura de aprendizado contínuo. O painel reforçou que há inúmeras oportunidades de aprendizado ao nosso redor — basta que criemos espaços genuínos de diálogo.
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É diretor de Branding na Flash. Formado em Comunicação Social pela Cásper Líbero, trabalhou em empresas e agências de comunicação, como Santa Clara, F/Nazca e Neon. Viajou ao Texas, Estados Unidos, para fazer cobertura especial do SXSW 2025 para o blog e as redes sociais da Flash.