Amamos invenções, mas pessoas precisam usar tecnologia para que ela tenha valor, diz CEO da IBM
Arvind Krishna participou de painel no SXSW 2025 para falar sobre inteligência artificial e computação quântica.

As fronteiras da tecnologia estão avançando rapidamente, e a convergência entre inteligência artificial (IA) e computação quântica não é mais um conceito de ficção científica – é uma realidade emergente. No SXSW 2025, o CEO da IBM, Arvind Krishna, apresentou um painel em que falou sobre como essas inovações irão remodelar negócios, a gestão e a sociedade como um todo.
Para Krishna, apesar de amarem inovações, o que dá real valor para as novas tecnologias é o uso que as pessoas fazem dela. “Para mim, o valor da tecnologia não está na invenção. É claro que nós amamos invenções, mas o valor vem de as pessoas usarem as tecnologias”, afirma o CEO da IBM.
Se você é um profissional de RH, gestor financeiro ou CEO, entender o impacto dessas tecnologias não é mais opcional: elas redefinirão a produtividade, a eficiência e a forma como as empresas lidam com dados e tomam decisões estratégicas. Mas o que isso significa na prática?
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O novo horizonte da IA e computação quântica
A palestra abordou um ponto crucial: enquanto a IA já transforma setores como saúde, marketing e finanças, a computação quântica surge como solução para desafios complexos – desde a criação de novos materiais até a otimização de cadeias de suprimentos globais.
Segundo Krishna, a IA aprende com base em conhecimentos que já existem e estão disponíveis, enquanto a computação quântica vai explorar níveis subatômicos de conhecimento. “Ela vai nos dizer como a natureza funciona. Uma vez que entendermos como ela funciona, poderemos aprender muito mais sobre ela, porque nada disso veio de um conhecimento que já existia. Por isso que acredito que IA e computação quântica são complementares e não competem entre si”, afirma.
O governador de Illinois, JB Pritzker, reforçou a importância da colaboração entre governos e empresas para acelerar pesquisas nessa área. Atualmente a IBM é parceira do governo de Illinois em um projeto para desenvolvimento de quântica. “Nós temos que liderar no desenvolvimento de IA e quântica, porque vai determinar se uma economia continua sendo a líder ou não no próximo século”, disse Pritzker durante o painel do SXSW 2025.
A IA, por sua vez, ainda tem um longo caminho a percorrer em termos de aproveitamento de dados. Segundo Krishna, apenas 1% dos dados das empresas foram capturados por modelos de IA. Para ele, há um espaço de explorar melhor este tipo de dado, encontrando formas como as companhias conseguiriam se beneficiar da divulgação de informações privadas.
Assista ao vídeo especial que preparamos da cobertura do SXSW 2025:
Desafios e oportunidades
Para que toda essa evolução aconteça de forma eficiente, a gestão de dados será um fator determinante. O conceito de nuvem híbrida foi um dos destaques da palestra: ele permite que empresas combinem ambientes de TI tradicionais com soluções em nuvem, aumentando a flexibilidade operacional e reduzindo custos.
Além disso, a eficiência energética será um dos pilares do futuro da IA. Hoje, grande parte dos modelos de inteligência artificial consome enormes quantidades de eletricidade. No entanto, conforme discutido no evento, espera-se que em cinco anos esses sistemas consumam apenas 1% da energia que utilizam atualmente, tornando-se mais sustentáveis e viáveis economicamente.
Já a computação quântica traz ganhos ainda maiores nesse quesito. Segundo os especialistas, algumas aplicações demandam menos energia do que sistemas convencionais de IA – um diferencial importante para setores que lidam com alto volume de processamento de dados, como bancos e seguradoras.
Transformação do trabalho e a necessidade de capacitação
Se IA e computação quântica prometem impulsionar a produtividade, outro desafio surge: como preparar os profissionais para essa nova era?
A automação eliminará algumas funções, mas também criará novas oportunidades. Como pontuado na palestra, o sucesso dependerá de um esforço contínuo de capacitação. RHs e gestores precisarão investir em aprendizado contínuo e requalificação, garantindo que as equipes estejam preparadas para operar essas novas ferramentas.
A expansão dessas tecnologias também dependerá da circulação de talentos de diversas partes do mundo. Em um contexto de instabilidade geopolítica, os especialistas defenderam políticas que incentivem a vinda de profissionais altamente qualificados, fortalecendo os ecossistemas de inovação.
Democratizando o acesso à tecnologia
Até o final da década vamos ver progressos na computação quântica, segundo Krishna. Garantir que IA e computação quântica não fiquem restritas a grandes corporações será um dos grandes desafios dos próximos anos. Como reforçado no evento, políticas de inovação aberta podem permitir que pequenas e médias empresas também aproveitem essas ferramentas, promovendo ganhos sociais e econômicos.
A IBM mencionou, por exemplo, a possibilidade de estudantes e pesquisadores acessarem bibliotecas quânticas para aprendizado, permitindo que o conhecimento sobre essa tecnologia se expanda rapidamente.
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É diretor de Branding na Flash. Formado em Comunicação Social pela Cásper Líbero, trabalhou em empresas e agências de comunicação, como Santa Clara, F/Nazca e Neon. Viajou ao Texas, Estados Unidos, para fazer cobertura especial do SXSW 2025 para o blog e as redes sociais da Flash.