8 em cada 10 RHs enfrentam questões relacionadas à saúde mental, revela pesquisa exclusiva da Flash
Panorama da Saúde Emocional do RH ouviu cerca de 900 profissionais da área. Além de saúde mental, investigou os impactos da NR-1 e a IA no dia a dia do RH.

Em linha com os dados oficiais que indicam uma alta de 70% no afastamento do trabalho por problemas relacionados à saúde mental, a terceira edição do Panorama da Saúde Emocional do RH 2025, estudo pioneiro da Flash lançado no CONARH, indica que os profissionais de gestão de pessoas fazem parte das estatísticas.
Isso porque 8 em cada 10 RHs ouvidos na pesquisa afirmaram conviver com problemas relacionados à saúde mental, e 78% se sentem sobrecarregados no trabalho.
Além de acender um alerta sobre o bem-estar de quem cuida de pessoas dentro das empresas, o levantamento deste ano ainda buscou compreender como a disputa por talentos, o uso da inteligência artificial e as novas exigências da NR-1 estão intensificando os desafios da área e moldando sua atuação.
Mas por que acompanhar a saúde mental do RH importa? Os profissionais que fazem a gestão de pessoas estão na linha de frente do cuidado com colaboradores e na implementação de políticas de bem-estar. Quando eles estão exaustos ou adoecidos, a capacidade de apoiar equipes, mediar conflitos e impulsionar uma cultura organizacional saudável é prejudicada.
O impacto vai além do próprio setor: reverbera no clima, na produtividade e na retenção de talentos em toda a empresa. Destacamos as 10 principais descobertas do Panorama da Saúde Emocional do RH 2025:
- Saúde mental e sobrecarga: 8 em cada 10 RHs relataram ter tido algum tipo de problema ligado à saúde mental e 78% deles se sentem sobrecarregados.
- RH acompanha de perto o adoecimento: 63% dos RHs dizem conhecer alguém que foi afastado por problemas relacionados à saúde mental.
- Diferença de gênero: enquanto as mulheres são as mais ansiosas (45%), os homens são os mais desmotivados (25%).
- Jovens estão mais ansiosos: os profissionais da geração Z e os millennials são os que mais têm sentido os efeitos da ansiedade: 48% e 49%, respectivamente.
- Média gerência sob pressão: 9 em cada 10 profissionais da média gerência dizem sentir sobrecarga no dia a dia.
- Longas jornadas: o grupo de profissionais que trabalha de 10 a 12 horas por dia cresceu de 5% para 8,5% em um ano.
- Retenção e atração de talentos é o maior desafio da área: para 28% dos profissionais ouvidos na pesquisa, esta é a zona mais crítica dentro do departamento.
- IA no RH: 6 em cada 10 profissionais de RH afirmam que as empresas em que trabalham ainda não oferecem os recursos necessários para aplicar IA no dia a dia.
- Atualização NR-1: 65% dos RHs acreditam que a implementação da NR-1 trará impactos positivos para a sua saúde mental.
- Excesso de tecnologia é uma questão ao RH: 61% dos profissionais dizem que o gerenciamento de diversas plataformas e múltiplos softwares no dia a dia gera estresse e prejudica a saúde mental.
Confira a seguir mais detalhes sobre o levantamento e não deixe de baixar o estudo completo aqui:
Por dentro do Panorama da Saúde Emocional do RH 2025
Ao todo, participaram da sondagem 889 profissionais de diferentes níveis hierárquicos, segmentos e portes de empresas. A pesquisa foi realizada entre junho e julho de 2025 via questionário online. Os resultados inéditos foram apresentados no CONARH, em São Paulo.
O Panorama da Saúde Emocional do RH é o primeiro estudo brasileiro dedicado a investigar, de forma sistemática, a saúde emocional dos profissionais de gestão de pessoas. O levantamento combina análise quantitativa e qualitativa para mapear sintomas, desafios e tendências que afetam diretamente o bem-estar dos times.
Ansiedade, burnout e falta de motivação em alta
Neste ano, a pesquisa revela que ansiedade, burnout, depressão e falta de motivação atingem 70% dos profissionais de RH, frente aos 65% registrados em 2024. A ansiedade continua liderando a lista de sintomas, relatada por 44% dos respondentes. A falta de motivação aparece em seguida (17%), acompanhada por burnout (5%) e depressão (4%).
Mesmo com a inclusão de novas categorias, como solidão (4%) e outros sintomas (4%), a tendência é de agravamento do quadro. Um dado preocupante é a queda no percentual de quem diz não apresentar nenhum desses problemas: 22% (13 p.p. menor do que no ano passado).
Mulheres são as mais ansiosas
Como mostram outros estudos, as mulheres são a maioria nos departamentos de RH, e segundo nossa pesquisa, continuam sendo as mais afetadas pelo sofrimento emocional. Em 2025, 45% delas relataram ansiedade, contra 39% dos homens.
Elas também apresentam índices mais altos de burnout, solidão e depressão. Já o número de mulheres que afirmam não ter sintomas despencou de 33% para 22% em apenas um ano, mostrando que a sobrecarga emocional no RH também tem gênero.
9 em cada 10 profissional do RH da média gerência está sobrecarregado
Quando avaliamos o nível hierárquico, a média gerência aparece como o grupo que mais relata impactos na saúde mental. Entre os profissionais de RH, 48% dos que ocupam essa faixa hierárquica afirmam conviver com ansiedade, percentual superior ao dos colaboradores (43%) e ao da alta liderança (35%).
O burnout também é mais presente aqui, atingindo 7% dos profissionais. Quase 9 em cada 10 relatam sobrecarga no dia a dia, confirmando que, para a média gerência do RH, a rotina já opera no limite.
Guerra por talentos e falta de recursos são principais desafios
Pelo segundo ano consecutivo, atrair e reter talentos aparece como o maior desafio do RH, citado por 28% dos participantes. Logo atrás está a falta de orçamento para projetos estratégicos (15%), que compromete iniciativas de longo prazo.
Além disso, 30% afirmam sentir falta de apoio das chefias. E a percepção dos RHs sobre suas lideranças não é nada boa: apenas 38% descrevem sua gestão como humanizada, contra 49% no ano passado, e a presença de chefes tóxicos cresceu de 8% para 12%.
No meio do caminho, a liderança classificada como neutra, chega a 50%. Na metodologia do Panorama da Saúde Emocional do RH, esses são os gestores que não chegam a ser tóxicos, mas não demonstram muita empatia e/ou preocupação, esforçando-se pouco para promover um ambiente de trabalho saudável.
RH exige muita disponibilidade, mas oferece pouco reconhecimento
Ao serem questionados sobre os aspectos do trabalho com os quais mais se identificam, 44% dos profissionais destacaram a necessidade de estarem disponíveis o tempo todo. Logo em seguida, 38% apontaram a falta de reconhecimento, mesma porcentagem que indicou o volume excessivo de demandas.
Para 36% dos entrevistados, falta tempo suficiente para se atualizar e desenvolver, enquanto 34% mencionam a carência de recursos para implementar projetos estratégicos do negócio.
Números que evidenciam um cenário em que os profissionais de RH, além de lidarem com pressão e sobrecarga, enfrentam também obstáculos estruturais que comprometem o equilíbrio entre seu desempenho e o bem-estar.
Inteligência artificial: riscos legais são maior preocupação
O uso da inteligência artificial no RH se expandiu de forma significativa. Apenas 22% afirmaram que a tecnologia não é utilizada em suas empresas, uma queda de 14 pontos percentuais em um ano. A adoção limitada, restrita a tarefas como recrutamento e seleção, chatbots e produção de textos, saltou de 26% para 40%, enquanto a adoção ampla cresceu de 10% para 17%.
Ao mesmo tempo, 62% dizem estar menos preocupados com a IA do que no ano passado, sinal de que a ferramenta começa a ser vista como aliada.
Ainda assim, a ansiedade sobre seu impacto aumentou 7 p.p. um ano: 64% têm algum receio (frente a 57% no ano anterior), principalmente quanto a riscos legais e éticos (28%) e à possibilidade de perder oportunidades por não dominar as ferramentas (16%).
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NR-1 e riscos psicossociais: pouco domínio e falta de preparo
Uma das novidades do Panorama da Saúde Emocional do RH 2025 foi buscar entender quais os impactos que a atualização da NR-1 já tem provocado no setor. Afinal, a partir de maio de 2026, após um ano de adiamento, o levantamento de riscos psicossociais (como assédio moral e sexual e sobrecarga de trabalho) passarão a fazer parte Programa de Gerenciamento de Riscos (PGR).
Quando questionados sobre o adiamento da implementação da nova versão da Norma Regulamentadora nº 1, quase metade dos profissionais de RH (48%) se mostrou a favor.
A pesquisa revelou também um cenário de baixa preparação: 51,3% afirmam conhecer apenas o básico sobre a atualização e 30,7% admitem saber pouco ou nada sobre as mudanças.
Com menos de 10 meses para a implementação das novas exigências da NR-1, metade dos profissionais de RH (50%) informa que sua empresa ainda está em processo de preparação. Apenas 18% acreditam que a organização já está pronta, enquanto 32% afirmam que a companhia ainda não iniciou a preparação.
Esse cenário acende um sinal de alerta: especialistas recomendam que as adequações não sejam deixadas para a última hora, uma vez que a norma exige revisão de processos, treinamentos e mudanças na cultura organizacional.
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Jornalista de formação, acredito que as palavras têm o poder de gerar experiências capazes de promover uma transformação positiva no mundo. Veterana do marketing de conteúdo, tenho também habilidades de UX writer e analista de SEO.