O que é alavancagem financeira e como ajuda empresas a crescer

Ao buscar impulsionar o crescimento de uma empresa, muitos gestores se deparam com a dúvida sobre qual nível de alavancagem financeira é mais adequado para alcançar seus objetivos. Além disso, é comum o receio de que o endividamento possa trazer mais riscos do que benefícios.

No entanto, quando aplicada com cautela e planejamento, essa estratégia pode abrir portas para expandir o negócio, sem a necessidade de depender exclusivamente de recursos próprios.

Dessa forma, entender como funciona a alavancagem financeira e saber aplicá-la de maneira responsável é fundamental para tomar decisões embasadas e eficazes.

Neste artigo, vamos explorar seus aspectos principais, oferecendo insights valiosos para que você possa enfrentar os desafios e aproveitar as oportunidades que a alavancagem  pode proporcionar.

Boa leitura!

O que é alavancagem financeira?

A alavancagem financeira é o uso de capital de terceiros, como empréstimos ou financiamentos, para ampliar investimentos e potencializar os lucros de uma empresa. 

Essa estratégia permite executar projetos maiores e aumentar a rentabilidade de um negócio, desde que os retornos superem os seus custos. Contudo, ela exige cautela, pois pode aumentar o risco financeiro, especialmente em períodos de alta taxa de juros ou baixa lucratividade.

Diferença entre alavancagem operacional e alavancagem financeira

Embora ambas aumentem o potencial de resultados, elas atuam de formas diferentes. Veja:

• Alavancagem operacional: tem relação com os custos fixos. Empresas com altos custos fixos podem gerar mais lucro à medida que aumentam as vendas, pois os gastos permanecem constantes enquanto a receita cresce.
  
  
• Alavancagem financeira: está ligada ao uso de dívida. O negócio utiliza recursos externos para expandir suas operações, assumindo o custo adicional dos juros e o risco de endividamento.

Tipos de alavancagem financeira

A alavancagem pode ser utilizada em diferentes contextos e estratégias, especialmente no mercado financeiro. Confira, a seguir, as modalidades mais comuns: 

Day Trade: alavancagem de curto prazo

É utilizada por investidores para operar valores maiores do que possuem em conta, buscando lucros rápidos em pequenas oscilações de preço no mesmo dia. Apesar de oferecer alta rentabilidade potencial, os riscos desse tipo de operação são igualmente elevados, exigindo conhecimento e controle rigoroso para evitar perdas significativas.

Swing Trade: alavancagem a longo prazo

É usada em operações que duram dias ou semanas. O objetivo é aproveitar tendências de médio prazo, utilizando recursos de terceiros para aumentar o retorno sobre o investimento. Como o período é mais longo, os riscos podem ser diluídos, mas ainda exigem monitoramento constante.

Short Selling: alavancagem na venda a descoberto

Consiste em vender ativos que o investidor não possui, com a expectativa de comprá-los a um preço mais baixo no futuro. Essa operação é essencialmente alavancada, pois envolve o uso de recursos emprestados para lucrar com a queda de preços. É uma estratégia complexa, com riscos ilimitados caso o preço do ativo suba ao invés de cair.

Alavancagem em mercado futuro

Permite negociar contratos futuros com valores muito superiores ao capital disponível. Essa modalidade é usada tanto para a proteção contra oscilações de preços quanto para especulação, oferecendo alta exposição com um investimento inicial reduzido. No entanto, também aumenta o risco, especialmente em mercados voláteis.

Cálculos e fórmulas para alavancagem financeira

Entender os cálculos de alavancagem financeira é essencial para avaliar a gestão de riscos e as oportunidades dessa estratégia.

Grau de alavancagem financeira (GAF)

Mede como variações no lucro operacional impactam o lucro líquido. Quanto maior o GAF, maior a sensibilidade do resultado final às mudanças no desempenho operacional, aumentando o risco financeiro.

A fórmula para calcular o Grau de Alavancagem Financeira é:

GAF = Lucro Operacional / Lucro Líquido

Endividamento

Indica o nível de dependência da empresa em relação ao capital de terceiros. Existem várias métricas importantes:

• Dívida Total / Ativo Total: mostra a proporção de ativos financiados por dívidas.
  
  
• Dívida Líquida / Patrimônio Líquido: relaciona a dívida líquida (dívida total menos caixa) ao patrimônio líquido.
  
  
• Juros sobre a Dívida / Lucro antes dos Juros e Impostos (LAJI): avalia a capacidade financeira da empresa de pagar os juros com seu lucro operacional.

Cobertura dos juros

Mede a segurança que a empresa oferece aos credores, indicando quantas vezes o lucro operacional cobre as despesas financeiras. Quanto maior o valor, menor o risco.

A fórmula para calcular a Cobertura dos Juros é:

Cobertura dos Juros = LAJI / Despesas Financeiras

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Se envolve endividamento, quais as vantagens da alavancagem financeira?

Conforme falamos, a alavancagem financeira permite que empresas aumentem seus investimentos utilizando capital de terceiros. Se bem aplicada, ela pode gerar lucros superiores ao custo da dívida, acelerando o crescimento e melhorando a competitividade.

Vantagens da alavancagem financeira

• Aumento do retorno sobre o capital próprio: ao financiar investimentos com dívida, a organização pode manter o capital próprio mais enxuto e ainda obter maiores retornos sobre ele.
  
  
• Expansão rápida: permite adquirir novos ativos, expandir operações ou aproveitar oportunidades estratégicas sem depender exclusivamente de recursos próprios.
  
  
• Benefício fiscal: os juros pagos sobre a dívida são dedutíveis do imposto de renda, reduzindo a carga tributária e otimizando a estrutura de custos da empresa.
  
  
• Acesso a investimentos maiores: com capital adicional, é possível investir em projetos que gerem receitas futuras significativas.

Riscos da alavancagem financeira

• Risco financeiro elevado: um nível alto de endividamento pode comprometer a capacidade da empresa de honrar seus compromissos, especialmente em períodos de instabilidade econômica.
  
  
• Impacto no fluxo de caixa: as obrigações de pagamento de juros e amortizações podem pressionar o fluxo de caixa, dificultando a manutenção das operações.
  
  
• Vulnerabilidade em relação às taxas de juros: empréstimos a longo prazo podem se tornar caros com o aumento das taxas de juros, afetando diretamente a lucratividade.
  
  
• Risco de insolvência: um erro no cálculo do retorno esperado ou mudanças inesperadas no mercado podem levar a prejuízos irreversíveis. O estado de insolvência é quando a empresa não consegue pagar suas obrigações financeiras no vencimento previsto. 

Como saber quando é seguro apostar em alavancagem financeira? Estratégias e fundamentos para não errar

Decidir apostar em alavancagem exige uma análise financeira criteriosa. Nem sempre aumentar o uso de capital de terceiros é a melhor opção, e os riscos podem superar os benefícios se a estratégia não for bem planejada.

Para minimizar as chances de dar errado e maximizar as vantagens, é fundamental entender as condições de mercado, a estrutura de capital da empresa e sua capacidade de gerar fluxo de caixa.

Como saber se a alavancagem financeira é boa?

• Fluxo de caixa positivo: antes de adotar essa estratégia, avalie se a empresa possui um fluxo de caixa consistente para arcar com juros e a amortização da dívida.
  
  
• Taxa de retorno maior que o custo da dívida: a alavancagem faz sentido quando o retorno do investimento supera a taxa de juros aplicada ao capital de terceiros.
  
  
• Estabilidade: setores da economia estáveis e com previsibilidade de receita têm mais segurança para operar a alavancagem, reduzindo o risco de inadimplência.
  
  
• Indicadores financeiros: analisar índices de liquidez, EBITDA e ponto de equilíbrio, por exemplo, ajuda a determinar se o nível de endividamento está seguro.
  
  
• Planejamento financeiro estratégico: definir como os recursos captados serão aplicados, priorizando projetos que impulsionem lucratividade e rentabilidade.

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5 casos reais de empresas renomadas que utilizaram a alavancagem financeira com sucesso (e outras nem tanto)

• Tesla: a fabricante de carros elétricos utilizou pesadamente a alavancagem para financiar sua ambiciosa expansão e investimentos em tecnologia. A aposta ousada de Elon Musk em expandir rapidamente a produção e a infraestrutura de carregamento, impulsionada por dívidas, se mostrou eficaz em solidificar a posição da Tesla como líder no mercado de veículos elétricos.
  
  
• Amazon: a gigante varejista também recorreu à alavancagem para financiar sua expansão agressiva, construindo centros de distribuição em todo o mundo e investindo em novas tecnologias como a computação em nuvem (AWS). Essa estratégia permitiu à Amazon se tornar uma das empresas mais valiosas do mundo.
  
  
• Apple: embora seja conhecida por sua gestão financeira conservadora, a empresa também utilizou a alavancagem em momentos estratégicos, como para financiar o desenvolvimento do iPhone e para adquirir outras corporações. Essa estratégia contribuiu para manter a Apple na vanguarda da indústria tecnológica.

Casos de fracasso da alavancagem financeira

• Lehman Brothers: é um dos casos mais famosos de falência causada por excesso de alavancagem. O banco de investimentos americano acumulou uma dívida gigantesca, tornando-se extremamente vulnerável a choques no mercado. A crise financeira de 2008 expôs a fragilidade do modelo de negócio da Lehman Brothers, levando à sua falência e desencadeando uma crise global.
  
  
• Enron: a empresa de energia americana manipulou seus resultados financeiros para ocultar um endividamento crescente. Sua falência em 2001 foi um dos maiores escândalos corporativos da história, expondo os perigos da alavancagem quando combinada com práticas contábeis fraudulentas.