Estrutura de capital: o que é, como calcular e analisar esse indicador
Entenda o que é estrutura de capital, suas diferenças entre capital próprio e de terceiros, e como encontrar o equilíbrio financeiro ideal. Confira!
A forma que uma empresa financia suas operações tem um impacto direto no seu crescimento e estabilidade financeira.
Essa decisão estratégica é definida pela estrutura de capital. Ou seja, pela maneira como a organização combina diferentes fontes de recursos para financiar suas atividades.
Quando bem equilibrada, essa combinação de fontes de financiamento pode reduzir o custo de capital e maximizar o valor para os acionistas. Por outro lado, uma condução inadequada pode levar a dificuldades financeiras e, em casos extremos, colocar o negócio em risco de falência.
Ao longo deste texto, vamos explorar os principais componentes das estruturas de capitais, entender como eles afetam o desempenho financeiro das companhias e discutir estratégias para alcançar o equilíbrio ideal entre risco e retorno. Boa leitura!
O que é estrutura de capital?
Conforme falamos, a estrutura de capital refere-se à combinação de recursos financeiros que uma empresa utiliza para financiar suas operações e projetos de crescimento.
Essa composição envolve a distribuição entre o capital próprio (dinheiro proveniente dos acionistas ou sócios) e o capital de terceiros (fundos obtidos por meio de aportes financeiros, empréstimos, financiamentos ou outras formas de endividamento).
Gerenciar adequadamente essa estrutura de capital, portanto, envolve equilibrar os custos e benefícios das diferentes fontes de financiamento. Assim, deve-se garantir que ela possa atender às necessidades financeiras de forma eficiente e sustentável ao longo do tempo.
Qual o principal objetivo da estrutura de capital?
A estrutura de capital ideal tem um objetivo claro: encontrar o equilíbrio ideal entre o capital próprio e o capital de terceiros.
Esse balanceamento visa minimizar o custo do capital, maximizar o valor da empresa e garantir a rentabilidade para os acionistas. Ao mesmo tempo, também deve manter a flexibilidade financeira para investir em crescimento e enfrentar possíveis crises.
Em resumo, o foco é otimizar o retorno sobre os investimentos, controlando os riscos financeiros e assegurando a sustentabilidade a longo prazo.
Como funciona uma estrutura de capital?
Compreender como as fontes de financiamento funcionam e se interagem é fundamental para uma gestão financeira eficaz. A seguir, vamos explorar como equilibrá-las de maneira prática, garantindo uma estrutura de capital sólida e eficiente para sua empresa.
Capital próprio
É composto pelos recursos investidos diretamente pelos acionistas ou sócios da empresa. Ele pode ser originado de aportes iniciais, reinvestimentos de lucros ou emissão de ações.
O capital próprio não gera obrigações de pagamento fixas, como juros, mas requer que a organização dê retorno aos investidores. Geralmente, isso acontece na forma de lucros e valorização das ações.
Além disso, essa modalidade oferece maior sustentabilidade financeira, já que não há o risco imediato de endividamento, mas também limita o controle do negócio aos seus donos.
Capital de terceiros
Refere-se a recursos obtidos por meio de dívidas, como empréstimos, financiamentos ou emissão de debêntures. Ao contrário do capital próprio, esse tipo cria uma obrigação de pagamento, geralmente com juros e prazos específicos.
O uso de capital de terceiros pode aumentar o poder de alavancagem da empresa, mas também aumenta o risco financeiro, caso a organização não consiga cumprir com seus compromissos financeiros.
Importância da estrutura de capital na contabilidade das empresas
Como já deu para perceber, as estruturas de capitais são um dos pilares fundamentais para a saúde financeira e o sucesso a longo prazo de uma corporação.
Afinal, determina como os recursos são obtidos e alocados para financiar as operações, investimentos e expansão da empresa.
Quando bem planejada, ela pode trazer benefícios significativos, como:
- Redução do custo de financiamento;
- Maior capacidade de alavancagem financeira;
- Aumento do valor para os acionistas.
- Influência positiva sobre a forma como a empresa lida com situações adversas (períodos de baixa rentabilidade ou crise econômica).
Por outro lado, uma estrutura de capital mal equilibrada pode gerar riscos elevados, como:
- Incapacidade de honrar dívidas;
- Aumento do custo de capital;
- Perda de controle da gestão.
Portanto, manter o equilíbrio ideal entre capital próprio e capital de terceiros, assim como entre despesas e receitas, é fundamental para garantir a sustentabilidade financeira da organização, possibilitando crescimento consistente e mitigação dos riscos financeiros.
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Quais são os indicadores de estrutura de capital?
Os índices de estrutura de capital são ferramentas essenciais para avaliar o equilíbrio financeiro das empresas.
Isso porque eles ajudam a medir a proporção entre o capital próprio e o capital de terceiros, fornecendo insights valiosos sobre a alavancagem financeira e os riscos envolvidos.
Compreendê-los, portanto, é fundamental para tomar decisões mais assertivas e garantir a sustentabilidade do negócio.
1. Índice de Endividamento Total
Mede a proporção do total de ativos de uma corporação que é financiado por dívidas, indicando quanto da empresa está sendo alavancada com recursos de terceiros.
Quando o número é elevado, sugere que o negócio tem uma maior dependência de capital de terceiros, o que pode aumentar seu risco financeiro devido aos compromissos com pagamentos de juros e amortizações.
Por outro lado, um índice baixo indica que a empresa possui menos dívidas e tem menor alavancagem financeira, o que reduz o risco financeiro.
No entanto, essa abordagem também pode limitar seu potencial de crescimento, já que a corporação pode estar deixando de aproveitar oportunidades de financiamento com custos mais baixos.
2. Índice de Endividamento de Longo Prazo
Mede a parcela do financiamento de longo prazo em relação aos ativos do negócio, mostrando quanto da estrutura financeira é sustentada por dívidas com prazos de vencimento mais longos.
Esse índice indica a dependência da organização em relação a financiamentos de longo prazo, que geralmente oferecem taxas de juros mais baixas em comparação aos de curto prazo.
No entanto, embora esses financiamentos sejam vantajosos devido ao custo mais baixo, eles implicam um compromisso de longo prazo, o que pode afetar o fluxo de caixa da empresa, já que as obrigações de pagamento se estendem por um período maior.
Dica de leitura da Flash: Tudo o que você precisa saber sobre despesas corporativas
3. Índice de Participação de Capital Próprio
Mede a proporção do capital próprio em relação ao total de ativos, indicando quanto dos recursos utilizados vêm dos acionistas ou sócios.
Esse índice é uma importante medida da capacidade financeira e do grau de independência da organização em relação a fontes externas de financiamento.
Valores altos indicam uma maior independência, o que significa que a empresa depende menos de dívidas para financiar suas operações, reduzindo o risco financeiro, pois não há a pressão de obrigações com credores.
Por outro lado, valores baixos indicam uma maior dependência de capital de terceiros, refletida no passivo circulante e não circulante, o que pode aumentar o risco financeiro do negócio, tornando-a mais vulnerável a flutuações nas condições de crédito e exigindo o cumprimento das dívidas.
4. Grau de Alavancagem Financeira (GAF)
Indica a relação entre as dívidas de uma empresa e seu patrimônio líquido, refletindo o nível de endividamento e o grau de alavancagem utilizado pela companhia para financiar suas operações e investimentos.
Quando o resultado é GAF > 1, indica que a organização está utilizando alavancagem financeira, ou seja, está recorrendo a dívidas para financiar suas atividades.
Quanto maior o GAF, maior é o risco assumido pelo negócio, pois isso significa que ele depende mais de capital de terceiros.
Contudo, um GAF mais alto aumenta o potencial de retorno para os acionistas, já que a empresa pode gerar lucros maiores a partir dos recursos obtidos com dívidas.
Porém, esse aumento no potencial de retorno vem acompanhado de um risco financeiro mais elevado.
5. Índice de Imobilização do Patrimônio Líquido
Mede a proporção de ativos fixos financiados pelo capital próprio da empresa, indicando quanto do patrimônio líquido está comprometido com investimentos em bens de longo prazo, como imóveis, máquinas e equipamentos.
Valores altos indicam que uma parte significativa dos bens está comprometida com ativos fixos, o que pode reduzir a liquidez da corporação, pois esses ativos não podem ser rapidamente convertidos em dinheiro. Isso pode limitar a flexibilidade financeira, dificultando o financiamento de outras operações ou investimentos de curto prazo.
6. Índice de Imobilização dos Recursos Não Correntes
Aponta a proporção de recursos não correntes investidos em ativos imobilizados, ou seja, quanto do capital de longo prazo está comprometido com ativos fixos, como propriedades, equipamentos e instalações.
Esse índice avalia o grau de comprometimento do capital de longo prazo com ativos imobilizados. Valores altos indicam que uma parte significativa dos recursos não correntes está alocada em bens de longo prazo, o que pode impactar a flexibilidade financeira da empresa.
Quanto maior o índice, maior o comprometimento com esses ativos, o que pode reduzir a capacidade de usar os recursos de forma mais ágil em outras áreas do negócio.
7. Relação Dívida/Patrimônio Líquido (Debt-to-Equity Ratio)
Mede a proporção entre as dívidas de uma empresa e seu patrimônio líquido, indicando o nível de endividamento em relação ao capital próprio.
Esse índice é essencial para avaliar a dependência da organização em relação ao financiamento externo e seu grau de risco financeiro.
Valores mais altos indicam uma maior dependência de financiamento externo, o que pode aumentar o risco financeiro do negócio, pois ela precisa cumprir com as obrigações de pagamento de dívidas.
Por outro lado, valores baixos sugerem menor risco financeiro, já que a empresa depende menos de capital de terceiros, mantendo um equilíbrio financeiro mais seguro.
8. Índice de Cobertura de Juros
Indica a capacidade da empresa de pagar os juros das dívidas com os lucros operacionais, indicando a saúde financeira da organização em relação às suas obrigações com credores.
Valores altos indicam maior capacidade do negócio de arcar com os encargos financeiros, mostrando que ela tem um fluxo de caixa suficiente para cumprir suas responsabilidades com juros.
Já valores baixos, sugerem maior vulnerabilidade ao endividamento, pois a corporação pode ter dificuldades em honrar suas dívidas, aumentando o risco financeiro.
Leia também: Saiba o que são despesas de capital e como identificá-las
Como analisar a estrutura capital de uma empresa em 5 passos
Analisar a estrutura de capital de uma empresa envolve avaliar como ela financia suas operações e investimentos, seja por meio de capital próprio ou capital de terceiros.
Essa avaliação oferece insights sobre o risco financeiro, a capacidade de crescimento e a rentabilidade da organização.
Para realizá-la de forma eficiente, é importante observar os seguintes aspectos:
- Proporção entre capital próprio e capital de terceiros: verifique qual a dependência da empresa em relação a dívidas (capital de terceiros) e qual a fatia que corresponde ao capital próprio. Negócios com alto endividamento podem estar mais expostos ao risco financeiro, enquanto organizações que mais utilizam capital próprio tendem a ter maior independência.
- Índices de endividamento: utilize indicadores como o Índice de Endividamento Total e a Relação Dívida/Patrimônio Líquido para entender como a empresa se financia e qual a sua exposição a riscos de solvência e liquidez.
- Cobertura de juros: avalie o Índice de Cobertura de Juros para determinar se o negócio tem capacidade de pagar seus encargos financeiros com os lucros operacionais.
- Grau de alavancagem financeira: o GAF (Grau de Alavancagem Financeira) indica a relação entre dívidas e patrimônio líquido e ajuda a identificar o risco potencial associado ao uso de alavancagem.
- Índices de imobilização: a análise de índices como o Índice de Imobilização do Patrimônio Líquido e o Índice de Imobilização dos Recursos Não Correntes, juntamente com o relatório de despesas, revela como a empresa utiliza seus ativos fixos e a flexibilidade do seu capital de longo prazo.
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Qual a estrutura de capital ideal?
A estrutura de capital ideal é aquela que permite à empresa maximizar seu valor, equilibrando risco e retorno.
Em teoria, ela busca o ponto onde o custo do capital é minimizado e o retorno sobre o investimento é maximizado, considerando os seguintes fatores:
- Equilíbrio entre capital próprio e de terceiros: o capital de terceiros é vantajoso por ter custos mais baixos, mas um endividamento excessivo aumenta o risco financeiro. Já o capital próprio, embora mais caro, oferece maior estabilidade e não gera compromissos fixos de pagamento.
- Custo do capital: a estrutura ideal minimiza o custo médio ponderado de capital (WACC), ou seja, o custo de todos os recursos financeiros (capital próprio e de terceiros). Quanto mais eficiente for a estrutura de capital, menor será o WACC, maximizando o valor do negócio.
- Risco financeiro controlado: o equilíbrio permite que a organização tenha uma boa alavancagem financeira sem assumir riscos excessivos. O uso de dívidas deve ser cuidadoso, e os pagamentos de juros devem ser compatíveis com a capacidade de geração de caixa.
- Capacidade de crescimento: a empresa deve ter flexibilidade para aproveitar oportunidades de expansão e investimento, com base na análise de custos, sem comprometer seu capital de giro.
Dica de leitura da Flash: O que são despesas operacionais e não-operacionais? Diferenças e exemplos
Como otimizar a estrutura de capital: 7 dicas estratégicas
Para aprimorar as estruturas de capitais, é fundamental equilibrar o uso de financiamento próprio e de terceiros, o que contribui para uma maior estabilidade financeira e flexibilidade operacional do negócio.
Confira a seguir 7 dicas e estratégias para atingir esse objetivo a partir de um planejamento de gastos eficiente:
- Refinanciar dívidas: uma das formas de reduzir o endividamento excessivo é buscar condições mais favoráveis, como taxas de juros mais baixas ou prazos de pagamento mais longos.
- Recorrer a fontes alternativas de financiamento: como o aporte financeiro de acionistas, diminuindo, assim, a dependência de recursos externos.
- Fazer a retenção de lucros e o reinvestimento desses recursos: são outras formas de fortalecer o patrimônio líquido e otimizar a estrutura de capital.
- Adotar práticas de gestão financeira eficientes: como controlar os custos fixos e variáveis e impulsionar o fluxo de caixa. Nesse sentido, a solução de gestão de despesas da Flash se destaca como uma ferramenta essencial, ajudando a otimizar os processos financeiros e garantir melhores resultados.
- Diversificar as fontes de receita: buscar novas oportunidades de mercado ou produtos pode aumentar a receita e criar uma base financeira mais robusta, reduzindo riscos associados à dependência de uma única fonte de renda.
- Manter uma reserva financeira estratégica: ter uma reserva de capital pode ajudar a empresa a enfrentar imprevistos, evitando a necessidade de recorrer a financiamentos emergenciais com condições desfavoráveis.
- Alinhar a estrutura de capital às metas estratégicas de longo prazo: para encontrar o ponto ideal entre risco e retorno.
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