Amy Webb no SXSW 2025: “inteligência viva” é o futuro da inteligência artificial

Foto: Juliana Cordaro/Flash - 08.03.2025

A inteligência artificial deixará de ser apenas digital para se tornar viva. A visão digna de filme de ficção científica foi o mote da palestra da futurista Amy Webb no SXSW 2025. No auditório do Ballroom D, a CEO da consultoria FTSG (ex Future Today Institute) apresentou o Tech Trends Report 2025, aguardado relatório sobre tendências de tecnologia emergentes que já está na sua 18º edição. 

Durante a palestra, uma das mais aguardadas (e lotadas) do festival de inovação, Webb trouxe alguns insights do relatório, que conta com mais de mil páginas. Entre os temas abordados estavam questões como a crise climática, bioengenharia, robótica — e, claro, inteligência artificial. 

O time da Flash, que está em Austin, no Texas, acompanhou a disputada palestra de Webb e compartilha, a seguir, alguns insights em primeira mão. Entre aqueles mais impactantes estão três visões que devem estar na pauta dos líderes de RH que se interessam pelo futuro do trabalho: o conceito disruptivo de "inteligência viva", o avanço dos robôs no nosso dia a dia e a necessidade de superar os obstáculos cotidianos para olhar a longo prazo.  

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1. Inteligência viva: a evolução da inteligência artificial

Fruto da união entre a inteligência artificial, biotecnologia e os wearables (ou dispositivos vestíveis), a inteligência viva “é um sistema singular projetado para igualar ou superar nosso nível humano de inteligência”, disse Webb. Esse ecossistema de máquinas interconectadas e entidades biológicas promete "reescrever as regras da nossa realidade como a conhecemos hoje", explicou. 

Entre os exemplos de inteligência viva citados pela futurista estão um biocomputador, criado com células cerebrais humanas por pesquisadores da Universidade Johns Hopkins. 

“Por que faríamos um computador cerebral? Porque a IA exige um gasto energético enorme e porque queremos computadores mais poderosos para fazer coisas por nós”, disse Webb. 

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2. Robôs passam a fazer parte da nossa rotina, de fato 

Para Webb, veremos uma mudança na relação entre homens e máquinas e uma evolução na robótica nos próximos 10 anos. “A inteligência viva finalmente vai começar a desbloquear novos caminhos e começaremos a avançar na relação com os robôs. Esta é a década em que, provavelmente, veremos robôs reais, alguns deles humanoídes”, disse Webb. 

Segundo a futurista, isso irá acontecer por meio do que ela chamou de “IA incorporada”: quando os algoritmos de IA serão treinados para entender o mundo físico. Como exemplo disso, ela destacou que, recentemente, o Google Deepmind conseguiu ensinar o robô a amarrar os sapatos — o que representa um grande avanço para a linguagem de máquinas. 

3. O efeito pedra no sapato e o risco de líderes perderem o foco no que importa 

Webb também alertou para o risco de os líderes ficarem presos nos desafios cotidianos e esquecerem de desenvolver estratégias de longo prazo, algo que ela chamou de “efeito pedra no sapato”. 

“O efeito pedra no sapato explica como acabamos nesse futuro sem um plano de longo prazo, sem uma visão para o mundo que habitamos agora. Não há estratégia e isso explica por que tantos líderes tomam decisões catastróficas quando estão enfrentando mudanças transformadoras”, disse a futurista. 

De acordo com ela, nosso cérebro reage para eliminar desconfortos imediatos (como uma pedra no sapato) e, com isso, esquecemos de planejar e antecipar o futuro. “Isso explica porque as empresas repetem ao invés de inovar ou porque tememos o futuro ao invés de nos planejar para ele. Isso é uma pedra no sapato. São todas as manchetes sobre IA. É a inflação. É a FOMO”, disse. “Mas o futuro irá aparecer independentemente de como lidamos com a pedra”.