Entenda o burnout digital, nova preocupação do RH

Saiba o que é burnout digital, o esgotamento físico ou mental que vem atingindo a rotina dos profissionais, e como as empresas podem ajudar.

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O termo "burnout digital" refere-se ao esgotamento extremo, tanto físico quanto mental, provocado pela constante conectividade e pela exposição prolongada a dispositivos eletrônicos como computadores, smartphones e tablets. Este fenômeno é uma adaptação do conceito tradicional da síndrome de burnout, que é reconhecido pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como uma condição ligada ao trabalho, manifestando-se através de sintomas como falta de entusiasmo, desinteresse profissional e produtividade reduzida, juntamente com elevados níveis de estresse.

 

 

 


O burnout digital, embora possa afetar indivíduos de diversos grupos, frequentemente encontra um terreno fértil para se desenvolver no contexto profissional. O ambiente de trabalho moderno, saturado de tecnologias que demandam atenção constante, potencializa o risco desse esgotamento.

Isso destaca a importância do bem-estar e da saúde mental, assim como a necessidade de gerenciar o tempo online e incentivar a prática de fazer pausas regularmente para evitar o acúmulo de estresse e o surgimento de problemas de saúde associados ao uso excessivo de tecnologia.

O que é burnout digital?

O burnout digital é uma forma de exaustão intensa provocada pela sobrecarga de informações digitais, um estado descrito como "infoxicação". Diferentemente do burnout tradicional, que está mais relacionado a sentimentos negativos como impotência, desânimo e exaustão geral no trabalho, o burnout digital é especificamente ligado ao cansaço mental originado pelo excesso de informações eletrônicas.

Christine Da Silva-Schröeder, especialista em gestão de pessoas e professora na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), enfatiza que essa condição se associa à sobrecarga mental gerada pela infinidade de dados digitais aos quais estamos constantemente expostos.

Identificar o burnout digital é a primeira coisa a ser feita, segundo especialistas. Uma das principais dificuldades reside nas similaridades que o burnout digital compartilha com outras condições psicológicas, que também são consequências do uso excessivo da tecnologia, como a nomofobia — o medo irracional de estar desconectado do celular.

Essa similaridade é desafiadora porque ambos os estados podem apresentar sintomas como ansiedade, estresse, perturbação do sono e uma sensação constante de estar online.

A relevância do que esse tipo de burnout pode causar ganhou destaque especialmente após o início da pandemia de Covid-19, que intensificou a mistura entre as esferas profissional e pessoal para aqueles que estão constantemente conectados.

Carmita Abdo, psiquiatra e professora na Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP), adverte que o risco do burnout digital pode ser até maior que o do burnout tradicional para indivíduos que estão sempre online.

“Para quem tem um dispositivo digital sempre à mão, o risco chega a ser maior do que o apresentado pelo burnout tradicional”, afirma a especialista.

Causas e sintomas do burnout digital

O burnout digital se manifesta por meio de sinais claros que muitas vezes são negligenciados no dia a dia. Sentir-se compelido a verificar constantemente o celular ao ouvir uma notificação, continuar trabalhando e enviando mensagens fora do horário de expediente, ou sentir-se preso em um ciclo interminável de reuniões virtuais são indícios de que pode ser necessário dar um tempo das conexões digitais.

Este tipo de burnout está associado a sintomas como redução de energia e capacidade de memorização, problemas de concentração, ansiedade, distúrbios do sono, cansaço crônico e dores musculares. Além disso, pode provocar um ciclo prejudicial onde a insônia leva à irritabilidade e ansiedade. O medo persistente de checar mensagens e redes sociais de maneira compulsiva afeta a produtividade e o ímpeto para o trabalho.

No contexto corporativo, a contribuição para o burnout digital não se limita apenas a exigir longas jornadas diante de telas, mas também se relaciona com a cultura de trabalho que prevalece na empresa. Atribuir tarefas dentro e fora do horário de trabalho pode interferir no descanso necessário, instaurando uma constante sensação de urgência que potencializa o estresse e a ansiedade.

Danilca Galdini, sócia da Cia de Talentos, ressalta um aspecto crucial da era digital em que vivemos: a pressão constante por eficiência e rapidez.

“O digital provoca a sobrecarga mental porque existe uma expectativa social e individual de que é preciso ter agilidade para processar as informações, para responder de forma que favoreça o negócio. Mostrar produtividade máxima", diz.

O que as empresas podem fazer

Para combater eficazmente o burnout digital e prevenir novos casos, é fundamental que as estratégias envolvam uma conscientização e educação profundas das lideranças e equipes de RH, conforme destaca a psicóloga Sandra Gioffi, diretora na Associação Brasileira de Recursos Humanos (ABRH).

“Nada vale sem uma mudança de mentalidade. É preciso saber priorizar, não exigir tudo para ontem”, opina.

A implementação de uma cultura organizacional que encoraje os colaboradores a desligarem-se da responsabilidade digital após o trabalho é crucial, garantindo que não haverá penalizações ou ameaças ao emprego por esse comportamento.

Sandra argumenta que a promoção da saúde mental nas empresas deve ser um esforço coletivo, abrangendo diversas iniciativas, como fomentar a prática de exercícios físicos, meditação e oferecer benefícios apropriados.

Danilca Galdini, especialista em Recursos Humanos, ressalta a importância de adaptar as estratégias de bem-estar à cultura única de cada empresa, identificando gatilhos específicos que possam contribuir para o estresse digital.

"Fizemos uma pesquisa em 2021 com funcionários jovens, de média gestão e alta liderança sobre práticas que contribuem com a saúde mental. Os pontos mais citados foram programas voltados para o bem-estar físico e mental e, em segundo lugar, a construção de relações mais próximas, onde haja confiança e espaço de escuta.”

Para organizações que operam em modelos híbridos ou totalmente remotos, a atenção a essas questões é ainda mais crítica.

“Recentemente, avançamos em relação à legislação sobre teletrabalho. Mas se de um lado a legislação nos dá proteção em termos mais gerais em âmbito nacional, existem especificidades do trabalho que dizem respeito a cada organização, liderança e equipe, que podem ser democraticamente negociadas, pactuadas”, analisa Christine Da Silva-Schröeder, especialista em gestão de pessoas e professora na UFRGS.

Alerta de burnout digital para os RHs

A conscientização sobre a saúde mental no ambiente corporativo brasileiro está em evolução, com uma crescente compreensão de que o bem-estar dos colaboradores é fundamental para o desempenho da empresa, como observa Danilca.

Tradicionalmente, as empresas focavam no absenteísmo. "Agora, há um olhar para o presenteísmo, ou seja, para as pessoas que estão no trabalho só de corpo presente, pois estão exaustas, deprimidas, ansiosas e não conseguem produzir. Isso custa três vezes mais em perdas de dias produtivos para a organização do que o absenteísmo", conclui.

Além do impacto direto na produtividade, o burnout digital e outras questões de saúde mental têm um efeito colateral importante na reputação corporativa.

No cenário atual, as pessoas estão em busca de ambientes de trabalho que promovam um equilíbrio saudável, onde possam desfrutar de qualidade de vida sem serem consumidas por demandas laborais excessivas.

Isso exige que as empresas não apenas se ajustem às novas expectativas dos trabalhadores, mas também reconheçam como a gestão influencia diretamente na atração e retenção de talentos, bem como na imagem da marca no mercado.

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