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Fundadoras da femtech Plenapausa discutem os impactos da menopausa na carreira das mulheres

Em entrevista ao blog da Flash, Marcia Cunha Shimizu e Carla Moussalli explicam como as empresas podem apoiar funcionárias durante a menopausa.

Flash

Pouco se fala sobre os impactos da menopausa na vida profissional da mulher, embora seus efeitos sejam significativos, afinal o climatério (período que compreende a transição entre a fase reprodutiva feminina e a não reprodutiva) costuma ser acompanhado de dezenas de sintomas físicos e mentais. 

Fogachos e lapsos de memória, por exemplo, podem desencadear ansiedade e insegurança, além de gerar situações constrangedoras no trabalho. Outras possíveis consequências associadas à queda hormonal, a insônia e a depressão podem comprometer o rendimento e a produtividade individual.

Mas, embora faça parte da vida de toda mulher, a menopausa ainda é um tabu, afirma a psicanalista e economista Marcia Cunha Shimizu, uma das fundadoras da Plenapausa. A startup é pioneira no Brasil a oferecer produtos para combater os sintomas do climatério.

“Começamos em 2021, portanto, antes desse movimento mais recente no país, no qual mulheres conhecidas publicamente e médicos de grande expressão passaram a abordar o tema com tanta luz e a gerar discussões”, diz a CEO da femtech (como são chamadas as empresas de tecnologia que desenvolvem serviços para a saúde da mulher).

Apesar de mais recentemente ter ganhado espaço, o tratamento reservado ao tema na sociedade é inversamente proporcional à sua importância. De acordo com a The Menopause Society (ou Sociedade Norte-Americana da Menopausa), em 2030 cerca de 1 bilhão de mulheres no mundo serão impactadas pelos sintomas da menopausa.

“As empresas têm falado sobre diversos assuntos relacionados à agenda ESG atualmente, por que não falar também de menopausa? Afinal, a mulher já enfrenta tantos obstáculos na carreira. Quando chegar ao climatério, por que não dar suporte para elas e garantir sua continuidade profissional?”, diz Marcia. 

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Dados sobre a menopausa no Brasil

Segundo dados do IBGE, as pessoas entre 40 e 59 anos representam 31,9% da parcela da população com idade para trabalhar. No segundo semestre de 2023, esse grupo teve 69,6% de ocupação, de acordo com um  levantamento do Senai. Embora o envelhecimento da população brasileira seja reafirmado a cada novo censo, o tratamento para os efeitos do climatério tem um custo elevado e ainda não é oferecido pelo Sistema Único de Saúde (SUS)

Em alguns países, esse processo já está mais adiantado. Na Inglaterra e na Irlanda, conta Marcia, o poder público oferece tratamento gratuitamente. Por aqui, o Projeto de Lei de nº 3933/2023, que visa o oferecimento na rede pública de reposição hormonal, exames e apoio multidisciplinar, entre outras medidas terapêuticas, ainda está em tramitação. 

Considerando que o climatério começa quando a mulher tem, em média, 45 anos, e pode durar uma década, cuidar para que essas profissionais tenham informações e apoio para atravessarem o período com tranquilidade é prezar pela saúde da própria empresa.

A Nestlé lançou neste ano no Brasil um programa interno e um Guia Global para Menopausa no Trabalho. Contando com a consultoria de profissionais da saúde, a iniciativa combina letramento e ações práticas, como a instalação de ventiladores e chuveiros para aplacar os fogachos. 

Para Carla Moussalli, co-fundadora e COO da Plenapausa, as empresas podem atuar para combater a falta de informação que não apenas torna o climatério mais sofrido, mas também mantém vivos preconceitos que reforçam o etarismo e a desigualdade de gênero no trabalho. “É possível tratar todos os sintomas da menopausa. Com conteúdo e apoio, as companhias podem tornar essa jornada mais leve para suas colaboradoras”, afirma.

Além dos produtos para as mulheres, como suplementos e vitaminas, a startup oferece jornadas personalizadas de informações para empresas, incluindo rodas de conversa, jornadas de conhecimento e cartilhas. “Também estamos ampliando nossa atuação para, em breve, atender com protocolos personalizados de tratamento.”

Em entrevista exclusiva para o blog da Flash, as duas fundadoras da Plenapausa compartilham detalhes de uma pesquisa realizada com mais de 17 mil brasileiras com idade média de 47 anos, que estavam vivenciando os sintomas do climatério entre os anos de 2021 e 2024. 

O levantamento serviu de subsídio para a construção da startup, assim como inúmeras rodas de conversa, que contaram com a participação de profissionais da saúde especializados no assunto. Confira a seguir os principais trechos: 

Como surgiu a ideia de criar a Plenapausa?

Carla Moussalli: A Marcia desenvolveu um projeto de medicina integrativa e o levou para uma aceleração, em que eu era mentora. Durante nossas trocas, vimos que a ideia inicial era muito ampla, então ela foi voltando a campo para tentar encontrar nichos que fizessem sentido e, nesse percurso, ouviu o relato de uma mulher que entrou no climatério, tendo um filho adolescente. 

Além do contraponto entre um menino cheio de hormônios e uma mãe vivendo os sintomas da queda hormonal, contribuíram para aprofundar o projeto as experiências das nossas próprias mães com a menopausa. 

A quais experiências você se refere? 

Carla: A mãe da Marcia não teve um diagnóstico correto e, por conta disso, desenvolveu alguns sintomas neurológicos. Já a minha, quando tinha 30 anos, precisou passar por uma menopausa induzida quimicamente para tratar uma endometriose. Devido à falta de cuidado médico e de aconselhamento sobre o que ia se passar a partir de então, teve depressão e desenvolveu um quadro de anorexia muito sério.

Com as pesquisas da Marcia, fomos vendo que, mesmo muito tempo depois da vivência das nossas mães, o assunto continuava sendo tratado como um tabu pela sociedade, o que é resultado da falta de conhecimento sobre o que é menopausa, perimenopausa, pós-menopausa, assim como sobre os sintomas, os tratamentos alternativos, a reposição hormonal. 

E como foi esse começo? 

Carla: Os recursos disponíveis eram muito escassos, então, no primeiro momento, criamos as redes da Plenapausa como se fossem canais de conteúdo, sem oferecer qualquer produto. Pois entendemos que a mulher precisava, antes de mais nada, de informação de qualidade para poder se informar. Depois, fizemos rodas de conversa, chamadas Prosa e Pausa, com especialistas da área da saúde, para tirar as dúvidas dessas mulheres. Somente algum tempo depois criamos os nossos produtos voltados para tratar os sintomas que mais afetam o dia a dia: insônia, libido, cansaço, alteração de humor e ondas de calor.

Vocês têm uma pesquisa sobre mulheres na menopausa. Como ela foi feita? 

Carla: Nós criamos uma avaliação, com base em um protocolo médico, com o objetivo principal de nortear essas mulheres. Para que elas possam saber em qual momento da jornada do climatério se encontram e, então, entender quais sintomas podem enfrentar. Com isso, foi criada uma anamnese em formato de questionário, que disponibilizamos nas nossas redes, para as mulheres responderem. É o nosso teste da menopausa.

Marcia Cunha Shimizu: A pesquisa é a consolidação dos dados coletados a partir das respostas a esse questionário, entre 2021 e 2024. Acreditamos que é o maior estudo já feito com mulheres no climatério e na menopausa da América Latina, porque foram 17 mil participantes. E continua: hoje temos a participação de mais de 22 mil mulheres.

Que tipo de informação vocês buscaram levantar com o questionário?

Marcia: Queríamos entender realmente aquela mulher e não apenas focar nos sintomas: compreender seu estilo de vida para trazer alguma solução para a sua dor.  Todos os produtos que desenvolvemos são voltados para os sintomas que mais apareceram na pesquisa, aqueles que foram apontados como os mais incômodos por uma parcela superior a 80% das mulheres, ou seja, os mais presentes no seu dia a dia. 

A questão é que 68% das mulheres têm muito pouca informação sobre quais são, de fato, os sintomas correlacionados com o climatério e a menopausa. Por exemplo, gasta-se muito tempo tentando entender por que se está com insônia.

A mulher vai pensar que tem a ver com uma adversidade que está passando naquele momento da sua vida ou com diversos outros fatores, mas não vai olhar para a questão hormonal. Chegar até essa informação, de que é preciso olhar para a questão hormonal para então poder, de fato, atuar sobre esses sintomas, é o grande desafio.

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Quais as descobertas da pesquisa a respeito do impacto da menopausa no trabalho da mulher?

Marcia: Tivemos um olhar muito focado para o trabalho, pois a pesquisa trouxe que 44% das mulheres no climatério se sentem menos produtivas. Veja, é muito importante ficar claro que não é que ela passa a ser menos produtiva, apenas está, naquele determinado momento, daquela forma. Muitas vezes, porque não consegue identificar recursos para sair daquela situação e não recebe assistência necessária para receber o tratamento mais adequado para os seus sintomas e o seu corpo.

Quais são os sintomas que aparecem associados ao sentimento de estar menos produtiva?

Carla: Existem três sintomas bastante associados a essa questão. A dificuldade para dormir, relatada por 84%; o cansaço e a falta de energia, mencionado por 91%; e 89% citam uma alteração de humor. De uma forma geral, são mulheres que estão na perimenopausa, ou seja, no início dessa jornada. São extremamente jovens, estão no auge de suas carreiras profissionais. 

Nas rodas de conversa realizadas pela Plenapausa, houve queixas sobre o comportamento dos colegas ou das lideranças em relação ao momento vivido pelas participantes?

Marcia: Um ponto bastante levantado foi o de que gostariam muito de que as empresas promovessem uma discussão intergeracional sobre a questão do climatério, esclarecendo ser mais um ciclo vivenciado pela mulher. Além disso, o acolhimento dos colegas e das lideranças.

Como essas mulheres de hoje estão vivenciando a menopausa no ambiente de trabalho?

Marcia: Essa é uma geração que está vivendo o calorão dentro das empresas e não quer ter de esconder isso, não quer que seja visto como algo constrangedor. Elas esperam ter a oportunidade de falar sobre o assunto e poder contar com assistência, seja por meio de programas de saúde, seja através de informações. Desejam que as diferentes gerações dialoguem. Para que uma mulher no climatério não precise explicar para um colega de 20 e poucos anos quando tiver uma onda de calor e ficar com a roupa molhada de suor, ou ter um lapso de memória e depois isso ser apontado de maneira negativa. Para que todos entendam que ela está assim no momento, mas não é daquele jeito.

Com quais recursos essas mulheres contam, no trabalho, para atravessar o climatério? 

Marcia: Muitas vezes, podem contar com o plano de saúde. Porém, não sabem nem mesmo qual especialidade médica devem procurar, ou seja, por onde começar. Por exemplo, em se tratando de questão hormonal, eu devo ir primeiro ao endocrinologista ou ao ginecologista? Para tratar a insônia, é melhor recorrer ao psiquiatra ou ao neurologista? Por isso, é preciso trazer conhecimento e direcionar para o melhor tratamento.

Uma das perguntas do teste aborda o quanto os sintomas da menopausa afetam a rotina de trabalho. Consegue compartilhar algumas descobertas? 

Marcia: Sim. Uma das opções de resposta fala sobre se sentir doente na menopausa; outra, sobre diminuir a quantidade de horas trabalhadas durante a semana. Segundo levantamos, 15% das mulheres se sentem doentes para trabalhar e 8% reduziram as horas de trabalho na semana. Além disso, 3% realmente precisaram se abster, 2% recusaram uma promoção e 4% de fato saíram do trabalho. Pode parecer pouco, mas é muita coisa. E é impressionante pensar em perder essas mulheres para o climatério, uma condição totalmente tratável. Principalmente, se você pensar que elas têm em média 47 anos, portanto longe de encerrarem suas carreiras. 

De que maneira as empresas podem ajudar?

Carla: Trazer a conversa sobre menopausa para o seu interior, promover bate-papos com profissionais respaldados que falem sobre o assunto e dar espaço para que todos entendam que o climatério é uma fase da vida de toda mulher. Esse é o primeiro passo. 

Quando não há esse olhar, a profissional se fecha e passa a acreditar que seus sintomas não são uma coisa normal, mas um problema individual. Na medida em que vamos falando ou que ela vai se identificando dentro daquele ambiente, passa a perceber que está tudo bem, pois não é a única. E pode falar sobre os seus problemas. 

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E pensando em benefícios, há algo que possa ser oferecido como suporte? 

Carla: Acredito que oferecer algum tipo de auxílio para que a mulher possa realizar o tratamento para os seus sintomas, seja a reposição hormonal, seja outra alternativa, é uma medida que será muito bem vista no mercado. Isso porque as funcionárias se sentirão mais incluídas, acolhidas e valorizadas dentro da empresa e entenderão que há, de fato, um investimento para que possam desenvolver o seu trabalho nas mesmas condições que os homens e as suas colegas de outras faixas etárias.

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