‘Cursinho pré-vestibular faz parte da nossa estratégia de talentos’, diz diretora de RH da Foundever
'Vestibulever' impulsiona educação, engajamento e pertencimento e traz como resultados bolsas, ingresso em federais e carreiras em ascensão.
Cursar faculdade fica para depois para muitos jovens que estão entrando no mercado de trabalho. De acordo com o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), apenas 23,1% dos ocupados no Brasil têm diploma. O número tem crescido, mas está bem longe do ideal. Encontrar uma empresa que oferece como benefício um cursinho pré-vestibular em que as aulas ocorrem durante o expediente pode mudar o jogo completamente e abrir caminho para a universidade.
Essa tem sido a realidade na Foundever, startup focada em experiência do consumidor, que, há três anos, criou o Vestibulever, um cursinho gratuito pensado para ajudar seus funcionários a realizarem o sonho de fazer faculdade.
Para entender mais sobre o projeto, o blog da Flash conversou com exclusividade com Adriana Wells, diretora de RH da empresa. No papo, ela conta os desafios que enfrentaram no início e como, aos poucos, conquistou as lideranças e o coração dos funcionários, gerando pertencimento, engajamento, clima positivo e colecionando histórias de colaboradores que conquistaram crescimento profissional e pessoal.
Confira a entrevista completa:
Como surgiu a ideia de criar um cursinho pré-vestibular voltado exclusivamente para colaboradores da Foundever?
Adriana Wells: Foi algo que nasceu da vivência do dia a dia na Foundever. Temos várias iniciativas de escuta ativa e começamos a perceber que muitos colaboradores falavam sobre o sonho de fazer faculdade. Eram pessoas talentosas, dedicadas, mas que tinham esse sonho interrompido por falta de dinheiro, de apoio ou simplesmente porque o tempo passou e acabaram desistindo.
O projeto surgiu para contribuir com esse sonho. Pode parecer uma visão um pouco romântica, mas queríamos oferecer caminhos para que o colaborador pudesse construir o próprio futuro, independentemente de permanecer ou não na Foundever. Somos uma empresa de contact center, contratamos pessoas de diferentes contextos sociais, e muitas vezes elas não tiveram essa oportunidade. Quando percebemos isso, nos sensibilizamos e decidimos agir.
Quando o projeto começou efetivamente?
Já estamos na terceira edição. Começamos em 2023, com um público pequeno, para testar o formato e criar consciência nas lideranças. Havia um receio natural de formar e perder talentos, e esse foi um grande desafio. O Vestibulever é um curso preparatório para o vestibular, então a preocupação era que, depois de formados, os colaboradores saíssem em busca de outras oportunidades. Mas, na prática, vimos o contrário acontecer.
E como vocês resolveram esse impasse?
Conseguimos ressignificar isso na prática: mostramos às lideranças que quem cresce, fica. Quando a empresa investe na carreira da pessoa, ela se sente valorizada, aumenta o nível de satisfação, de engajamento e ela quer continuar. Além disso, esses colaboradores acabam se tornando multiplicadores de uma cultura positiva e ocupando novas posições internas.
E como é o Vestibulever na prática, considerando o dia a dia das aulas e os resultados?
Primeiro, tem um processo seletivo. O colaborador não pode ter faltas injustificadas e levamos em conta seu desempenho na empresa. Depois, o cursinho acontece em formato intensivo: são 14 semanas, com três horas de aula por dia, três vezes por semana. Temos aulas ao vivo e gravadas, simulados, conteúdos teóricos, exercícios e materiais de apoio. Durante todo o período, há suporte 24 horas e acompanhamento da frequência.
Os resultados são muito positivos: cerca de 65% dos alunos conquistam bolsas em universidades e 46% entram em instituições federais, que não cobram mensalidades. A cada edição aumenta o número de participantes e de pessoas ingressando em universidades públicas. No total, já são mais de 60 alunos, em um universo de 5.300 funcionários.
Existe alguma história que te marcou mais até agora?
Temos várias histórias bonitas, mas uma me marcou muito. Uma candidata estava participando de um processo seletivo para jovem aprendiz e, durante a entrevista, ouviu falar do Vestibulever. Ela ficou encantada e percebeu que havia um propósito real por trás do que fazemos.
Essa candidata entrou na Foundever, participou da segunda edição do cursinho, em 2024 e foi reconhecida como “aluna destaque”. Passou em duas universidades federais, entrou na graduação e, com isso, participou de processos internos. Hoje é nossa assistente do departamento pessoal, efetivada. É um orgulho enorme ver esse tipo de trajetória.
Como essa iniciativa se conecta às estratégias de desenvolvimento de talentos da Foundever?
O Vestibulever faz parte da nossa estratégia de talentos e fala diretamente de educação continuada e desenvolvimento profissional. Além de oferecer a formação em si, o projeto prepara nossos colaboradores para assumirem novas posições e se tornarem protagonistas da própria carreira.
Também tem relação com outros pilares, como mobilidade interna, diversidade, inclusão e experiência do colaborador. O funcionário sente que está num tapete vermelho desde o momento em que entra na empresa. Isso reforça a marca empregadora e faz com que ele queira ficar, porque percebe que há investimento genuíno em seu crescimento e em sua educação.
Além do medo de “formar e perder’’, quais outros desafios enfrentaram até aqui?
Um deles foi convencer a liderança. No começo, havia uma preocupação legítima: a companhia é um contact center, então quanto mais o analista atende, mais resultados a operação tem. E o curso acontece durante o expediente.
Aos poucos, fomos mostrando que, com diálogo e parceria, dava certo. Criamos cronogramas previsíveis, conversamos com as operações, envolvemos os gestores desde o início do processo seletivo. O envolvimento do nosso CEO também foi fundamental, já que ele sempre reforçou que o projeto está alinhado aos nossos objetivos de desenvolvimento sustentável. Com o tempo, as lideranças passaram a não só apoiar, mas promover o Vestibulever.
Existe um evento de encerramento do projeto?
Sim, e é um momento muito especial. No fim de cada edição, fazemos uma formatura com tudo: capelo, diploma e presença dos gestores, diretoria e familiares. É emocionante. Muitas vezes vemos avós, mães e filhos juntos comemorando. São histórias de vida sendo transformadas, e a cada edição o evento cresce e se torna mais esperado. A diretoria participa e celebra junto.
Como o Vestibulever se articula com as ações de ESG da empresa?
A Foundever tem um olhar muito voltado para ESG e para as iniciativas que a ONU propõe às empresas. Na verdade, isso é um denominador comum nas nossas estratégias de RH. O Vestibulever reflete esse compromisso, porque mostra como o olhar genuíno para o colaborador pode gerar impactos reais. É uma iniciativa que poderia, sim, inspirar outras empresas a seguir pelo mesmo caminho.
Que conselhos você daria para empresas e profissionais de RH que queiram implementar ações educacionais com impacto real?
Sempre que me perguntam isso, eu falo sobre a importância da escuta ativa. É ouvindo o colaborador que a gente entende onde pode fazer a diferença de verdade.
Também é essencial ter uma liderança participativa e um RH que veja educação como algo estratégico, não apenas como treinamento. Educação é o que sustenta o crescimento das pessoas e da empresa.
Sou psicóloga de formação e, quando escolhi essa profissão, foi com o desejo de transformar vidas. Acho que o papel do RH é exatamente esse: transformar, com um olhar humano, mas com ações concretas que geram impacto real na vida das pessoas.
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Sui é jornalista, compositora e cantora. Possui bastante experiência em Educação e Política, com agências e clientes da esfera pública.

