‘DP traduz dados em informações que guiam o negócio’, dizem Gêmeas do DP
Cati e Tati Castro falam sobre como tecnologia, estratégia e olhar humano estão transformando o departamento pessoal nas empresas.
O departamento pessoal, setor que por muito tempo foi visto apenas como operacional, vem conquistando um espaço mais estratégico nas empresas, movimento impulsionado pela transformação digital e pela necessidade de traduzir dados que impactam diretamente a experiência dos colaboradores.
Entre as vozes que contribuem para reposicionar o papel do departamento pessoal, estão Cati e Tati Castro, conhecidas como as Gêmeas do DP. Com mais de 13 anos de experiência e 26 mil seguidores no Instagram, elas se destacam por transformar temas técnicos em conteúdos acessíveis, aproximando profissionais de novas tendências em tecnologia, legislação e gestão de pessoas.
Empresárias e especialistas em gestão estratégica de departamento pessoal, elas são coordenadoras de cursos de pós-graduação e coautoras do livro “Contabilidade 20por20”. Também ministram palestras, mentorias e cursos online e atuam como consultoras e influenciadoras, ajudando a consolidar o DP como uma área estratégica nas organizações.
Nesta entrevista para o blog da Flash, que responderam tudo em conjunto, elas explicam como o DP pode — e deve — ser reconhecido como parceiro estratégico do negócio. Para o DP ocupar este papel, é preciso atuar de forma preventiva, aplicando a legislação de maneira correta e utilizando dados para apoiar a tomada de decisão da liderança.
Mesmo com o avanço da automação, destacam que o desafio está em conciliar eficiência e empatia. Para as especialistas, o futuro da área passa pela integração entre tecnologia, visão analítica e comunicação clara.
“O DP não é só quem processa dados; é quem traduz os dados em informações que guiam o negócio. Quando fala a língua do gestor, o DP ganha voz”, concluem.
Confira a seguir os principais trechos da conversa:
O departamento pessoal ainda é visto, por muitos, como uma área apenas operacional. Na visão de vocês, qual é o verdadeiro papel do DP dentro das empresas hoje?
Cati e Tati Castro: O papel do DP é ser parceiro estratégico do negócio, ou seja, atuar de forma preventiva, aplicando a legislação trabalhista e previdenciária de maneira correta, e utilizar dados da folha de pagamento para apoiar na tomada de decisão da liderança.
Quais mudanças recentes contribuíram para que o DP ganhasse esse papel mais estratégico nas organizações?
A covid-19 foi uma grande virada de chave. Naquele momento todas as empresas precisaram de um profissional de DP para ajudar nas melhores tomadas de decisão sem impactar negativamente o negócio. Apesar do momento difícil que enfrentamos, com certeza, a pandemia acelerou a valorização do DP.
Nesse contexto, como o DP pode contribuir diretamente para os resultados do negócio e para a experiência dos colaboradores?
Para o negócio, o DP pode contribuir através da redução de custos e riscos trabalhistas, do planejamento financeiro através do custo da mão de obra, dos dados para controle de indicadores como absenteísmo , turnover e horas extras. Para o colaborador, o DP contribui com uma comunicação clara e eficiente, agilidade nos processos e suporte/orientação segura ao trabalhador.
Mas, na prática, o que diferencia um DP estratégico de um DP apenas executor?
O DP executor foca no processo, na burocracia, enquanto o DP estratégico entende a razão de cada rotina e transforma números em dados.
Pensando nisso, quais são os maiores desafios que os profissionais de DP enfrentam atualmente?
Hoje o DP vive uma das fases mais complexas e desafiadoras da área trabalhista, porque além das obrigações legais, existe uma pressão crescente por estratégia, tecnologia e posicionamento humano. O excesso de obrigações e as mudanças constantes nos desafiam a manter o equilíbrio entre a execução e a atualização técnica.

Mesmo com o avanço da tecnologia e da automação, quais processos ainda são considerados gargalos na rotina do DP?
Falta de integração entre os sistemas (ponto, contábil, financeiro) e as planilhas paralelas, o que acaba gerando erros e duplicidade de informações. Mesmo com sistemas automatizados, o DP ainda dedica grande parte do tempo em conferências e correções.
O cumprimento de obrigações legais continua sendo um dos pontos mais críticos. Como equilibrar essa parte burocrática com um olhar mais humano e estratégico?
Entender que a base técnica é o alicerce, não o limite. É totalmente possível cumprir a burocracia com olhar humano, afinal, um erro por mínimo que seja pode interferir no alimento de uma família no final do mês. Além disso, é necessário humanizar processos burocráticos e se comunicar de maneira clara, direta e com linguagem simples.
Que tipo de parceria o DP precisa construir com o RH e com as lideranças para ser reconhecido como parte essencial da gestão de pessoas?
O DP não é só quem processa dados, é quem traduz os dados em informações que guiam o negócio. Partindo desse ponto, quando o DP fala a língua do gestor, ele ganha voz. Novamente, reforçamos que, para o DP ser reconhecido como parte essencial da gestão de pessoas, precisamos falar a língua do negócio, e não apenas de burocracias.
Para finalizar, na opinião de vocês, quais competências serão indispensáveis para o profissional de DP nos próximos anos?
O mercado de trabalho está cada vez mais exigente, por isso, algumas competências são essenciais no presente, mas também para o futuro do DP, tais como: domínio técnico sólido e visão estratégica. Surge um novo perfil, que é de executor a analista de dados, com maior foco em estratégia e planejamento. Esse novo perfil abre espaço para um DP reconhecido e valorizado.
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Jornalista de formação, acredito que as palavras têm o poder de gerar experiências capazes de promover uma transformação positiva no mundo. Veterana do marketing de conteúdo, tenho também habilidades de UX writer e analista de SEO.
