Sete em cada dez brasileiros já trabalharam em times globais, diz estudo
74% dos trabalhadores brasileiros já colaboraram com colegas de outros países. Saiba como interação entre times globais cria oportunidades para as empresas
Quando as barreiras geográficas pareciam mais definitivas, trabalhar com colegas de outros países era uma possibilidade quase sempre restrita aos ocupantes dos cargos mais altos de multinacionais. Eles participavam de reuniões globais e tinham acesso em primeira mão a outras culturas e modos de trabalho.
Com o avanço das ferramentas de comunicação e a maior abertura ao trabalho remoto, colaborar com profissionais de nacionalidades diferentes tornou-se rotina em muitas empresas.
Para ter uma ideia, uma pesquisa recente do Capterra, plataforma de comparação de softwares do grupo Gartner, revela que 74% dos trabalhadores brasileiros já colaboraram com colegas de outros países –e 58% dos profissionais que atuam no Brasil esperam que a interação internacional aumente nos próximos 12 meses.
Por trás desse cenário, há uma série de novas oportunidades e desafios que os times de gestão de pessoas devem estar atentos para tirar o máximo de benefícios dessas interações globais.
Leia também: Conheça 5 aplicativos para gestão de sua equipe externa imperdíveis
Para entender os impactos de estar espalhado pelo globo –e as melhores práticas de gestão nesse cenário, o blog da Flash conversou com a responsável pela pesquisa e com líderes de empresas que possuem funcionários distribuídos em diversos países. Confira a seguir:
Principais desafios da colaboração entre times globais
Um dos aspectos mais impactados na hora de trabalhar com times globais, de acordo com o estudo do Capterra, está relacionado à produtividade: 24% dos entrevistados afirmaram ter dificuldades em manter o cronograma dos projetos ao trabalhar com colegas no exterior. Foram entrevistados 6.490 profissionais em 13 países, que trabalham de forma híbrida ou remota. Deste total, 501 eram brasileiros.
Os principais desafios identificados na hora de manter os prazos de entrega estão relacionados ao horário de trabalho volátil (49%) e às barreiras linguísticas (40%). Ou seja, manter a colaboração entre pessoas de diversos países requer adaptações que vão além da inclusão de tecnologia para facilitar o contato.
“No caso da língua, as ferramentas de videoconferência já possuem opções de transcrição que podem ajudar, mas cabe também às lideranças estimular o estudo dos idiomas utilizados no dia a dia do negócio”, afirma Marcela Gava, analista sênior do Capterra e uma das responsáveis pelo levantamento.
“Quanto ao horário de trabalho, o caminho é adotar a comunicação assíncrona como padrão, utilizando as diversas ferramentas de colaboração que existem no mercado atualmente.”
Pipefy aposta em intérprete para integrar o time
Startup que desenvolve uma plataforma para gestão de processos, a Pipefy tem profissionais em diversos países e, por isso, adotou algumas medidas para garantir uma integração maior. Algumas delas são o mapeamento dos feriados em todas as localizações de seus colaboradores, a escolha de horários “neutros” para os rituais corporativos e adaptação do pacote de benefícios àquilo que faz mais sentido em cada país.
“Existem questões que impactam diretamente na rotina de trabalho. Por exemplo, como todos os nossos rituais são feitos em inglês, temos a preocupação de ter intérpretes no time, uma vez que nem todos os funcionários dominam o idioma”, diz Bruna Bergamini, senior Employee Experience, Learning and Development Manager da Pipefy.
Impactos dos times globais na cultura corporativa
No livro “A regra é não ter regras” (ed. Intrínseca, 2020), o fundador da Netflix, Reed Hastings, e a consultora Erin Meyer discutem o trabalho realizado na startup de streaming para levar sua cultura corporativa a diversos países.
Essa relação entre a cultura local e aquilo que a empresa entende ser a melhor forma de trabalhar está entre os elementos que mais requer atenção para que o alinhamento entre times globais flua da melhor forma.
“O principal desafio é entender a cultura e as particularidades de cada país, como as pessoas interagem durante o trabalho e as decisões que tomam. Se a empresa entende isso e tem muita clareza sobre a sua cultura interna e como espera que ela seja compartilhada entre os colaboradores, esse alinhamento surge de uma forma mais natural”, defende Juliana Vital, global chief revenue officer na Nubimetrics, empresa argentina que gera dados de mercado para e-commerces e está presente em 18 países.
Benefícios da colaboração entre profissionais de países diferentes
A oportunidade de networking é uma das maiores vantagens de trabalhador com profissionais de outros países para 41% dos entrevistados pela pesquisa do Capterra.
A oportunidade permite que os funcionários se aproximem de pessoas acostumadas com outros mercados e que os colaboradores expandam suas redes de contatos, conheçam diferentes práticas de mercado e troquem experiências valiosas.
Trabalhar em um ambiente global pode aumentar a compreensão e a tolerância cultural. Os funcionários têm a chance de aprender sobre diferentes culturas e formas de trabalho, o que pode enriquecer suas próprias abordagens e práticas. Essa exposição a diversas perspectivas pode levar a soluções mais inovadoras e eficientes, beneficiando a organização como um todo.
“Como é algo que as pessoas buscam, empresas e lideranças podem e devem estimular momentos de troca entre os times. Isso pode ser feito tanto promovendo alguma rotatividade entre os responsáveis pelos projetos, para que colegas que não estão acostumados a trabalhar juntos possam se aproximar, por exemplo, criando momentos de trocas mais informais antes das reuniões”, diz Marcela, do Capterra.
Empresas globais e a atratividade de talentos
Para as empresas, a possibilidade de atrair talentos de diferentes partes do mundo é outro ponto positivo. Isto amplia o leque de possibilidades de contratação, fazendo com que ela consiga acessar talentos que antes não estariam em seu radar. Do lado dos candidatos, a visão global muitas vezes conta pontos na hora de atrair brasileiros para as vagas.
“O mercado é cada vez mais abrangente, e as pessoas querem isso. Então, torna-se um ponto bem relevante na atração de talentos”, afirma Bruna, da Pipefy.
Para Juliana, da Nubimetrics, a exposição a diferentes culturas e mercados é um conhecimento valioso para qualquer profissional e, por isso, é um ponto que pode fazer diferença na hora de um profissional aceitar uma proposta.
Para os gestores de RH e líderes em geral, estar atento aos desafios e benefícios dessa dinâmica é crucial para criar ambientes de trabalho produtivos e harmoniosos, aproveitando ao máximo as oportunidades que a globalização traz. “Diversidade tem se provado um valor importante para o mercado de trabalho como um todo e poder ampliar esse valor a um padrão global é algo muito valioso”, conclui Marcela, do Capterra.
Com soluções integradas que garantem visibilidade e consistência de dados, a Flash torna a rotina do RH e do DP muito mais simples. Clique aqui e saiba mais!
Jornalista, divide sua rotina entre o filho, projetos de comunicação para empresas inovadoras e um romance que logo será publicado.