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Menos chefes tóxicos, mais liderança saudável: autor do “Manual Antichefe” fala sobre papel do RH na solução e prevenção de conflitos

Executivo com 20 anos de experiência, Eberson Terra conversou com a Flash para falar sobre como empresas devem lidar com chefes tóxicos.

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Quem nunca teve problemas com um chefe ao longo da vida profissional pode se considerar privilegiado. Atritos são comuns em qualquer relacionamento, e não seria diferente no ambiente de trabalho, onde pessoas de perfis variados passam muitas horas juntas por semana com o objetivo de gerar resultados para quem as emprega. 

Para que tudo corra bem, é preciso promover uma cultura colaborativa e criar um ambiente saudável, que ofereça todas as condições necessárias para cada um dar o seu melhor. Mas isso nem sempre acontece: chefes despreparados, autoritários e desrespeitosos podem pôr tudo a perder, prejudicando o desempenho dos funcionários e comprometendo o sucesso dos negócios. 

Eles se enquadram na chamada liderança tóxica, que é responsável por 80% dos pedidos de demissão de trabalhadores do mundo, segundo um levantamento realizado em 2019 pela consultoria internacional Michael Page. 

Não à toa, o assunto preocupa cada vez mais gestores e empresários, e é tema frequente nas discussões sobre o futuro do trabalho. Para falar sobre o tema, a Flash conversou com Eberson Terra, autor do livro “Manual Antichefe: Como enfrentar a toxicidade na gestão e não repetir os mesmos erros ao se tornar líder” (Buzz Editora, 2024).

Executivo com 20 anos de experiência nas áreas de educação, tecnologia, processos e gestão de projetos, Terra revela os mecanismos da liderança tóxica, fala sobre seus impactos na vida das pessoas e nas organizações e dá dicas de como é possível construir um ambiente de trabalho mais saudável e produtivo.

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Confira a seguir os destaques do bate-papo: 

Vamos começar definindo o que é a liderança tóxica e por que esse assunto é tão relevante para as empresas?

Eberson Terra: A liderança tóxica está presente no cotidiano de muitas companhias e se caracteriza pela falta de entendimento entre chefes e funcionários. Ela gera muitos conflitos, prejudica o bom andamento dos trabalhos e afeta a saúde física e mental de todos os envolvidos. Pode se manifestar por meio da falta de comunicação, pela imposição de metas impossíveis de alcançar, pelo excesso de cobranças e pela criação de um ambiente de medo, favoritismo e abuso de poder.

Por que os problemas com chefes são tão comuns no ambiente de trabalho?

Desentendimentos são comuns em qualquer relacionamento, e isso não é diferente no local de trabalho, nas relações entre colegas e, principalmente, entre líderes e liderados. A dinâmica de poder, a diversidade de personalidades e a pressão por resultados são alguns dos motivos que podem gerar e intensificar esses conflitos.

Qual é o impacto da liderança tóxica nas empresas?

Esse tipo de comportamento tem um impacto significativo nas empresas. Pode levar à alta rotatividade de funcionários, à queda na produtividade, à criação de um clima organizacional ruim e, consequentemente, pode acarretar prejuízos financeiros. A liderança tóxica é um problema tão relevante pois afeta diretamente o bem-estar dos funcionários e o sucesso das companhias. 

Vem daí a ideia de escrever o “Manual Antichefe”?

Passei por uma experiência muito negativa com um chefe, ainda no início da minha carreira, e conto isso no início do livro. Na ocasião, meu líder pensou que eu estava negociando minha saída da companhia como se fosse um leilão e criou um juízo de valor muito ruim sobre mim, o que me marcou muito. Depois, tive uma ascensão profissional rápida, fui diretor de gestão de alunos de um dos maiores grupos educacionais do país por 12 anos. Comecei liderando uma área com 40 funcionários, mas no final dessa experiência gerenciava 2.500 pessoas em todo o país. Sempre refleti muito sobre a importância dos líderes na vida dos profissionais e, depois de uma pequena pausa na carreira, percebi que tinha a vivência necessária para falar sobre os desafios da liderança. Comecei a escrever sobre carreiras no LinkedIn, acabei ficando na lista de Top Voices, em 2016 e 2018, e fui convidado para publicar um livro sobre esse tema, o “Carreiras Exponenciais” [Alta Books, 2021]. 

Mas você teve um livro sobre período sabático também….

Sim, meu segundo livro é “Sabático: o Poder da Pausa” [Alta Books, 2023], no qual faço um relato sobre todo o planejamento que fiz, durante três anos, ao lado da minha esposa, para ficar afastado do trabalho por um ano. Contamos o passo a passo de toda a preparação, falamos sobre tudo o que fizemos nesse período, sobre nossas viagens, e, como ao voltar dessa pausa, vi que não queria mais atuar em uma única empresa. Decidi empreender e me tornei consultor. Hoje, continuo trabalhando no ramo da educação, tenho grandes grupos educacionais como clientes. Como escritor, ainda em 2023, publiquei meu primeiro livro de ficção, “O Nome dela é Luana” e, no ano passado, lancei o “Manual Antichefe”.

Qual é a principal mensagem do “Manual Antichefe”?  

No livro, falo principalmente sobre a importância de combater a toxicidade na gestão e de promover um ambiente de trabalho saudável e colaborativo. Apresento uma lista, inspirada na obra do psiquiatra e psicanalista suíço Carl Gustav Jung [1875-1961], de dez arquétipos de chefes tóxicos mais comuns nas empresas, que foram identificados de acordo com padrões de comportamento recorrentes entre líderes. Também sugiro estratégias para que líderes e liderados possam lidar com as situações de conflito de maneira eficiente.

Pode falar um pouco mais desses arquétipos?

Claro! São o Tirano, o Politiqueiro, o Microgerente, o Omisso-permissivo, o Guardião da verdade, o Multiplicador da ansiedade, o Gladiador, o Bélico, o Acumulador de problemas e o Espalha-promessas. 

  • O primeiro, Tirano, é autoritário, divide o grupo entre rebeldes e aliados fiéis e domina a equipe com ameaças. A melhor maneira de lidar com ele é evitando confrontos diretos, para não ser visto como inimigo da liderança, e isso pode ser feito com demonstrações de concordância com as boas ideias do chefe. 
  • O Politiqueiro é simpático, costuma ser visto como aliado e amigo, mas pode agir guiado por interesses pessoais. 
  • O Microgerente é controlador, não confia e não dá autonomia aos colaboradores, o que pode gerar um ambiente de trabalho estressante, com muitas cobranças.
  • O Omisso-permissivo, ao contrário, deixa os funcionários resolverem tudo sozinhos, com indiferença e liberdade em excesso, o que prejudica a produtividade do grupo. 
  • Já o Guardião da verdade é centralizador, não admite erros e rejeita as sugestões dos membros da equipe. Para trabalhar com ele, é preciso ser cuidadoso e discreto. 
  • O Multiplicador da ansiedade, por sua vez, confunde agilidade com urgência, aumentando a pressão sobre a equipe. Também transfere suas inseguranças ao time, levando os colaboradores ao esgotamento emocional. 
  • O Gladiador é o que cria um ambiente de confronto constante e incentiva a competição entre membros da equipe, colocando uns contra os outros. Lidar com ele é mais complicado, porque acaba com a harmonia da equipe e gera inimizades e, portanto, a melhor solução é manter os próprios princípios e buscar uma nova oportunidade, pois o desgaste é insustentável a longo prazo. 
  • O Bélico é o mais agressivo, defende seus interesses com ataques impulsivos e desproporcionais.
  •  O Acumulador de problemas é o tipo de líder inseguro, que não consegue dizer “não” e acaba aceitando muitas demandas, ficando sobrecarregado. 
  • Fechando a lista está o Espalha-promessas, que manipula os colaboradores prometendo promoções e aumentos de salário, mesmo sem ter a intenção de atender às expectativas dos liderados.

Aí que está a diferença entre um chefe e um líder?

Embora esses termos sejam muitas vezes usados como sinônimos, chefes e líderes podem estar ligados a conceitos distintos. Um chefe está mais ligado à hierarquia e ao poder, focando em dar ordens e em ser obedecido. Por outro lado, um líder inspira e motiva as pessoas, buscando o desenvolvimento de toda a equipe e a construção de um ambiente de trabalho positivo.

Por que se fala tanto atualmente sobre liderança no mundo corporativo?

A liderança é cada vez mais valorizada, porque líderes eficazes são capazes de formar equipes mais engajadas e produtivas, além de promover um ambiente de trabalho mais saudável e satisfatório para todos. Líderes verdadeiramente inspiradores ajudam as empresas a alcançar seus objetivos e a se destacar no mercado.

Leia também: Liderança nas empresas: conheça as 5 principais tendências 

Na sua opinião,  quais são os maiores desafios de ser um líder?

Liderar envolve diversos desafios: é necessário tomar decisões difíceis, lidar com conflitos, motivar pessoas com diferentes personalidades e construir relacionamentos de confiança. Além disso, os líderes são muito cobrados pelas empresas, que desejam sempre alcançar os melhores resultados. A pressão intensa a que os líderes estão sujeitos pode gerar ansiedade, e o medo de errar pode levá-los a desenvolver comportamentos tóxicos, criando um ambiente de trabalho hostil.

Como as pessoas podem se tornar líderes melhores? Qual é o papel das empresas na formação das lideranças?

Os profissionais que desejam assumir posições de chefia têm que desenvolver o autoconhecimento e a autoconsciência, para que consigam identificar seus pontos fracos e se esforcem para agir com ética, resiliência e empatia. 

Já as empresas, para desenvolverem líderes eficazes, devem criar uma cultura organizacional que valorize o desenvolvimento das pessoas. O papel do RH é fundamental na capacitação dos líderes e na prevenção da liderança tóxica, com a criação de programas de treinamento e desenvolvimento, de políticas de supervisão e de canais de denúncia. Outra opção é a implementação de avaliações 360 graus, que oferecem uma visão mais completa do desempenho do líder, identificando possíveis comportamentos tóxicos. 

Como isso funciona na prática? 

É preciso dar ao trabalhador a oportunidade de vivenciar a experiência de liderança, por meio da atuação em pequenos projetos, o que é uma boa alternativa para ajudá-lo a se constituir como chefe. Também é uma forma de testar a postura dele frente a novos desafios e a aceitação de seus pares. Trata-se de uma atividade fundamental para quem deseja assumir uma grande área, que poderia ser adotada como uma estratégia de RH ou do planejamento da empresa.

Leia ainda: "Líderes precisam abandonar comando e controle", diz Richard Uchoa, CEO da Revvo

O que mais o RH pode fazer para prevenir comportamentos tóxicos e resolver os conflitos entre lideranças e liderados?

Uma boa ideia é oferecer apoio psicológico tanto aos líderes quanto aos funcionários, sem expor ou prejudicar os profissionais. Isso é particularmente relevante para chefes dos tipos multiplicador da ansiedade e acumulador de problemas, que precisam da ajuda de terapeutas ou coachings para aprender a lidar com seus medos e inseguranças. A empresa pode, ainda, criar campanhas de conscientização e promover debates sobre como identificar e lidar com lideranças tóxicas. 

Por que ainda é tão difícil identificar e acabar com os comportamentos tóxicos nas empresas? 

A liderança tóxica pode ser difícil de identificar, primeiramente, porque atitudes inadequadas e prejudiciais costumam ser normalizadas em alguns ambientes de trabalho. A maioria dos chefes ruins apresenta um desalinhamento emocional, mas continua trabalhando porque existem empresas que se preocupam mais com a entrega do resultado esperado do que com o modo como isso é feito.

Então, mesmo se o líder estiver “tirando o sangue” da equipe, se ele apresentar bons resultados, está tudo bem. Essa é uma visão equivocada, pois se trata de uma situação que não é sustentável a longo prazo. Além disso, comportamentos tóxicos podem ser sutis, confundidos com brincadeiras ou características pessoais, o que dificulta ainda mais sua detecção. Outro motivo é o medo de retaliação, pois funcionários podem evitar fazer denúncias sobre o líder, pelo receio de sofrer represálias.

Qual  seu recado para as pessoas que convivem com chefes tóxicos?

O principal desafio para os liderados é saber diferenciar comportamentos pontuais das características intrínsecas do chefe. Nem todo líder que “explode” com a equipe é ruim, pode ser apenas uma questão momentânea. Problema maior é o chefe que tem um comportamento imprevisível, que muda conforme a situação, e começa a ter atitudes tóxicas para se proteger.

Ele pode estar em um momento de maior vulnerabilidade, e talvez não tenha o autocontrole necessário para não fazer o liderado sofrer. Por isso, resiliência e autoconhecimento são competências fundamentais para que o relacionamento entre chefes e subordinados seja saudável e benéfico para todos. 

O funcionário não pode sair “chutando o balde”, porque corre o risco de perder o emprego, mas também não deve ficar em um ambiente nocivo para sua saúde mental. É preciso encontrar o equilíbrio: não sair da empresa muito cedo, para não se prejudicar financeiramente, mas não sair tarde demais, a ponto de adoecer.

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