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Para cientista do MIT, empresas devem se preparar para um futuro em que colaboradores vão se afeiçoar aos colegas robôs

Em entrevista exclusiva, Kate Darling defende que empresas devem encarar robôs como aliados para potencializar as capacidades humanas.

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Com cada vez mais velocidade e intensidade, humanos e robôs terão que interagir no ambiente de trabalho. A pergunta que resta, então, é como esse processo de integração deverá ser conduzido para gerar benefícios para os profissionais e para as empresas. 

Uma das vozes que tem liderado as discussões em torno desse assunto é Kate Darling, pesquisadora do MIT que se debruça sobre as relações entre máquinas e humanos — e suas consequências sociais, éticas e emocionais. A pesquisadora, e também autora do livro The New Breed:How to Think About Robots (ainda sem edição brasileira), costuma comparar robôs a animais e afirma que esse é o melhor caminho para entender e navegar neste campo emergente.

Em julho, Kate esteve pela primeira vez no Brasil para participar do Flash Humanidades, evento proprietário da Flash que discutiu a inteligência híbrida, conceito que propõe a integração das habilidades cognitivas entre humanos e máquinas. Em ocasião do evento, a pesquisadora falou com exclusividade para o blog da Flash. Os principais trechos da entrevista, você confere a seguir: 

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Em que momento você se interessou pela interseção entre robótica e relações humanas?

Kate: Quando eu era estudante de direito, comprei um brinquedo de dinossauro robô. Fiquei apegada a ele e percebi que eu não era a única. A maioria dos meus amigos tratava o brinquedo como se ele estivesse vivo. Isso me inspirou a pesquisar como e por que as pessoas percebem os robôs de forma diferente de outros dispositivos, mesmo sabendo que são máquinas. Depois de muitos anos explorando esse tópico, transformei meus aprendizados em um livro.

Em suas analogias, você compara robôs a animais. Por que adotar essa perspectiva é importante para a relação entre humanos e máquinas? 

Kate: Nós tendemos a comparar robôs com humanos e inteligência artificial com inteligência humana. Mas essa comparação nos limita. Por milhares de anos, trabalhamos com animais que podem sentir, pensar, tomar decisões autônomas e aprender. Nós os treinamos e criamos para o trabalho, armamento e companhia. 

Mas a razão pela qual os animais têm sido úteis não é porque fazem exatamente o que fazemos. Pelo contrário, eles são úteis porque suas habilidades são diferentes das nossas. Da mesma forma, o potencial da robótica não é recriar as habilidades que já possuímos, mas serem usados como ferramentas para que, aliados a eles, atinjamos nossos objetivos. 

Como a conexão entre humanos e robôs se traduz no ambiente de trabalho e como as empresas podem aproveitar isso?

Kate: O mais importante é as empresas entenderem que isso pode acontecer. Os humanos tendem a projetar capacidade de ação em tecnologias automatizadas. E, dependendo do contexto, isso pode ter diversos efeitos, que vão da aversão a conexão emocional. Empresas que reconhecem que as pessoas podem tratar robôs e IA de maneira diferente de outras ferramentas já estão à frente.

Há muita pesquisa em interação humano-robô mostrando maneiras de aproveitar esse efeito, como dar nomes aos robôs em contextos onde a conexão é encorajada. Mas há riscos também, que podem incluir confiança equivocada, como chatbots fornecendo informações falsas ou prejudiciais, ou funcionários revelando informações pessoais sensíveis ao seu “colega de trabalho” robô.

Leia também: “No futuro, os chatbots com IA poderão atuar como business partners”, diz vice-presidente de RH e tecnologia da BRF

Essa incorporação de robôs às equipes é uma tendência? Como estar pronto para essa integração?

Kate: Os melhores casos de uso para robôs tendem a ser quando eles são um suplemento à capacidade humana, ajudando as pessoas a fazerem um trabalho melhor, ou quando fornecem algo que os humanos não podem fazer de forma alguma. No curto prazo, é mais fácil para as organizações pensar em substituir pessoas do que combinar habilidades humanas e robóticas. Porém, o trabalho em equipe entre humanos e robôs provavelmente será muito mais recompensador e produtivo a longo prazo.

Quais são as principais questões éticas que as empresas devem considerar ao integrar robôs em suas operações?

Kate: Segurança, proteção dos trabalhadores, viés algorítmico, responsabilidade por danos, privacidade e segurança de dados são os principais tópicos que devem estar no radar das organizações.

Quais habilidades ou conhecimentos específicos você acredita que os gestores de RH devem cultivar para navegar efetivamente essa evolução?

Kate: Eu adoro robôs, mas acredito que nossos esforços devem se concentrar nos humanos e em como os robôs podem ajudar as pessoas. Os gestores de RH devem ter um entendimento básico da tecnologia e de quando ou se ela está sendo usada para substituir, em vez de suplementar pessoas. Também acredito que humanos e robôs têm habilidades únicas que devemos cultivar, em vez de tentar torná-los uma coisa só.

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