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"Ideia de que não pode sobrar espaço para o ócio e diversão é muito perigosa", diz Maíra Blasi sobre necessidade de descansar

Fundadora da consultoria Subversiva defende que descanso não é luxo, é necessidade e explica por que o descanso é essencial e impactos para a saúde.

Flash

Em uma sociedade hiperconectada e guiada por um discurso que prega a produtividade máxima, o descanso entrou em extinção. Fundadora da consultoria Subversiva, Maíra Blasi lembra, no entanto, que descansar é uma necessidade orgânica essencial do ser humano. 

Para a especialista em futuro do trabalho e novos modelos de gestão, o problema é estrutural e sistêmico. A busca de uma solução exige o comprometimento não apenas de empresas ou dos indivíduos, mas de todos. Inclusive das instâncias governamentais.

Blasi conversou com exclusividade com o blog da Flash sobre o que está por trás da culpa associada ao ato de descansar, apontando a relação da cultura da produtividade com o recorde de afastamentos no país. 

Na entrevista a seguir, a consultora fala sobre a tendência de comercializar o descanso, além de comentar iniciativas empresariais para ampliar esse momento no dia a dia de seus funcionários. Ela também avalia a influência da geração Z e suas reivindicações para fomentar o debate sobre o trabalho.

Confira a seguir: 

A humanidade desaprendeu a descansar?

Maíra Blasi: Não sei se algum dia descansamos de fato ou se soubemos, efetivamente, como descansar. O que acontece é: não conseguimos descansar hoje. Antes da existência da internet, não existia essa disponibilidade 24x7. As pessoas podiam pegar ônibus ou dirigir o seu trajeto sem serem acionadas, além de terem tempo para fazer suas atividades. Com o tempo, fomos aumentando o volume de tudo e passamos a ser bombardeados de informações. Paralelamente, o discurso em defesa da produtividade ganhou importância. 

Qual é o papel do descanso em uma sociedade digital, inserida numa cultura que busca a produtividade máxima?

O descanso é algo orgânico do ser humano, necessário para a existência. Muita gente tem usado o argumento de que precisamos descansar para sermos produtivos, alegando que funcionários descansados rendem mais. Porém, não deveria ser preciso defender algo tão básico como a qualidade do sono, o descanso alcançado quando se tem entretenimento e boas relações, ou ainda quando se pratica um esporte. Descanso não é só sobre deitar e dormir, tem a ver com a qualidade de várias coisas. Se descansar é primordial para nossa existência, supostamente, não precisaríamos de justificativa. 

Leia também: “É possível ser feliz no trabalho”, afirma Suzie Clavery,  CHRO da TotalPass para a América Latina

Como a cultura da produtividade afetou a forma como encaramos o descanso?

Está em alta a cultura do "saia da zona de conforto", do "busque sua melhor versão" e do "você sempre pode se superar". Mas fico me questionando se, no Brasil, alguém, algum dia, alcançou a tal zona de conforto. Essa cultura da produtividade nos diz que quem dorme está perdendo tempo. Essa fala foi ocupando as nossas horas de descanso, de lazer e de sono. 

Segundo o livro “24/7: Capitalismo tardio e os fins do sono”, de Jonathan Crary, o sono é a última barreira do ser humano a ser rompida. Deu a hora, todos precisam deitar e dormir. Cientificamente, médicos e pesquisadores sabem o quanto isso é essencial para a nossa existência. Então, é como se o discurso da produtividade estivesse, o tempo inteiro, tentando romper com a barreira do descanso. A ideia é que não pode sobrar nenhum espaço para o ócio, para a brincadeira e para a diversão, pois a pessoa deve ocupar todo seu tempo com algo que vai gerar dinheiro. O que é muito perigoso. 

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E descansar acaba gerando culpa, é isso? Como essa culpa afeta a vida das pessoas? 

Essa culpa faz com que as pessoas tenham dificuldade em dizer não, em impor limites e, também, em falar que está cansado e ter coragem de dizer que chegou ao seu ponto final. Em uma sociedade que valoriza a produtividade, e não o descanso, quem vai ter coragem de dizer que não está conseguindo dar conta? Recentemente, foi noticiado que o Brasil bateu recordes de afastamento por depressão e outros problemas de saúde mental.

E isso afeta as pessoas de formas diferentes…

Cada ser humano é único, as pessoas têm níveis de energia diferentes. Enquanto eu fico bem dormindo 5 horas, você pode precisar de 8 horas, e outra pessoa, de 9 horas. No entanto, todos são enquadrados no mesmo padrão de trabalho. A situação das mulheres é a mais desafiadora. Muitas pesquisas apontam que elas ainda acumulam o trabalho de casa e os cuidados com as crianças e a família. Se temos índices de cansaço altíssimos no Brasil, imagina como estão as maiorias minorizadas, principalmente, as mulheres negras.

Continue aprendendo: Já ouviu falar da “evitação”? Psicóloga de Harvard defende que é possível reprogramar o cérebro e lidar melhor com o desconforto e o estresse

Como a falta de descanso altera nosso desempenho profissional?

São inúmeros os impactos. Fala-se muito sobre pessoas criativas, inovadoras e proativas, em accountability e em comportamento de dono. Mas gente cansada não tem isso, porque não consegue. Gente cansada não é gente produtiva. Não adianta querer exaurir as pessoas e depois pedir para que entreguem o melhor de si, porque isso não vai acontecer. Não cabe dentro da mesma frase.

Existem empresas preocupadas verdadeiramente com o descanso dos colaboradores? Sim, essas empresas existem, mas ainda são minoria. Tenho visto muito a Nat Finanças [CEO da Nath Finanças e da Nath Play] falar sobre descanso –ela está testando na sua empresa a semana de 4 dias, e isso está gerando bastante discussão na internet. A Deia Freitas [dona do podcast Não Inviabilize] que proporcionou alguns benefícios para os seus funcionários, também gerou uma série de discussões nas redes. São iniciativas que pautaram conversas nas mídias, recentemente.

No Brasil, algumas companhias também testaram a semana de 4 dias o modelo como parte de uma pesquisa que está sendo acompanhada pela FGV (Fundação Getulio Vargas). Geralmente, não são as maiores corporações. Além disso, o Congresso está discutindo o fim da escala 6 por 1. Para descansar, precisamos de tempo e, se nosso tempo está todo ocupado, que horas vamos descansar? Talvez a escala de trabalho atual não faça tanto sentido com a evolução tecnológica. Portanto, podemos questioná-la. Descanso não vem somente de lutar e arrumar um espaço onde não existe, mas de criar esses espaços intencionalmente. 

Como podemos resgatar a consciência de que é necessário nos desligar e descansar?

A consciência que está faltando, para nós, é a coletiva. Entender que apenas iniciativas individuais não são suficientes. Para que o descanso seja possível, precisamos de iniciativas coletivas. Quando lancei o report Declaração dos Direitos Descansastes, em parceria com a 65/10 [consultoria que olha para as demandas pela perspectivas feminina], trouxemos essa questão. Não dá para somente o indivíduo batalhar por isso, são necessárias políticas públicas, conscientização das organizações, entre outras variáveis.

Leia mais: Não basta dormir: quais são os 7 tipos de descanso que existem e seus impactos no trabalho 

Você acredita que a geração Z pode impactar a forma como a sociedade encara o trabalho? 

Com certeza. As discussões levantadas pela geração Z, assim como as coisas que reivindicam e aquelas que não aceitam, levam todo mundo a questionar se o trabalho faz sentido ou não. Mas, por enquanto, o que viraliza é quando se fala mal do jovem, não é? Há pouca gente se perguntando se o que estão falando tem algum sentido. Será que não estão vendo algo que não estamos enxergando?

Eu gosto da frase "Tudo é absurdo até que seja óbvio". Muitas discussões no mundo começam como se fossem uma grande loucura, até que todos vejam algum sentido e algumas ações sejam tomadas. Tenho uma expectativa de que, a partir dessas discussões e reflexões, mais e mais pessoas tomem consciência. O processo não é rápido ou linear, é algo que gera ansiedade, porque existe uma expectativa de que, se resolver rápido, a tomada de consciência virá logo e as coisas se modificarão. Porém, na história do mundo, infelizmente as coisas demoram um pouco para mudar. 

Como contribuir para a mudança?

Precisamos alimentar essa esperança e, principalmente, cuidar daquilo que é possível cuidar. Pensar naquele “não” que se pode dizer e também naquilo que se pode fazer dentro do seu círculo social, para que se possa descansar e para que outras pessoas possam contar contigo para poderem descansar. Como apoiar as pessoas que estão ao seu redor, ou seja, se você é a liderança do time, como cuidar dessa equipe? Enfim, essas pequenas revoluções nos espaços que ocupamos serão necessárias para nos sustentar até que grandes mudanças aconteçam.

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